2006-05-29 20:03:07

CARTA ABERTA POR OCASIÃO DO ANIVERSÁRIO DO MASSACRE DE 1989, NA PRAÇA TIEN-NAM-MEN


Pequim, 29 mai (RV) - As mães da Praça Tien-nam-men (Praça da Paz Celestial), de Pequim, renovaram hoje, às autoridades chinesas, seu pedido para que revejam sua posição de condenação ao movimento estudantil sufocado com o massacre de 1989, na Praça da Paz Celestial, ocorrido nos dias 3 e 4 de junho.

Elas pedem que o governo abra uma investigação oficial sobre o ocorrido, puna os culpados e dê um ressarcimento aos familiares das vítimas. O comunicado foi divulgado pela organização dos direitos humanos "Human Rights in China".

A Associação das Mães da Praça Tien-nam-men foi fundada em 1991, por Ding Zilin, uma professora universitária aposentada, cujo filho, Jiang Jielian, com 17 anos na época, foi morto durante a represália das forças armadas chinesas aos estudantes acampados na Praça.

Na primeira parte do documento, as mais de cem mães que fazem parte da associação reconstruíram os acontecimentos daquela trágica noite. O grupo, até o momento, identificou 186 pessoas que foram mortas e outras 70 que foram feridas. Segundo afirmam, essas cifras são apenas "um pequeno percentual" das centenas de pessoas que foram mortas naquele trágico episódio.

A segunda parte do documento foi dedicada a mostrar o método de protesto não violento escolhido pelo grupo de estudantes. Para ilustrar, colocaram os slogans usados pelos estudantes nos protestos: "dizer sempre a verdade", "não esquecer nunca", "procurar conseguir a justiça" e "apelar às consciências".

Na terceira parte do documento, as mães recordam que seus objetivos básicos são aqueles de "preservar a dignidade das vítimas" e de "rejeitar a evasão dos princípios da legalidade, com soluções administrativas e negociações privadas".

Além disso, as mães apresentam às autoridades chinesas, uma série de pedidos como colocar fim a todas as atividades de controle e de limitação da liberdade, permissão para que as famílias recordem seus entes queridos mortos naquela manifestação, acabar com a interferência nas ajudas que recebem, seja da China seja do exterior, fornecer ajuda humanitária às pessoas que continuam a sofrer psicologicamente ou financeiramente por causa da repressão, remover as discriminações políticas e sociais que ainda pesam sobre a memória das vítimas, restituir os direitos e o bem-estar físico das pessoas detidas, presas ou desempregadas por causa da sua participação no movimento democrático de 1989.

Até hoje, as autoridades nunca responderam às "mães" e, em cada aniversário do massacre, as expoentes do grupo e outros dissidentes são colocados em regime de prisão domiciliar.

O Partido Comunista chinês definiu o movimento estudantil de 1989 como um "movimento contra-revolucionário". (JK)







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