Bento XVI na Polonia: peregrinação de quatro dias aos lugares da vida do seu predecessor
João Paulo II,marcada pelo apelo "permanecei fortes na fé".Diálogo com as outras religiões
e a comunidade civil, recordando os valores eternos do Cristianismo, fundamento sólido
para criar um mundo melhor.
Bento XVI chegou esta manhã à Polónia, para uma visita de 4 dias. No aeroporto
de Varsóvia foi recebido por autoridades civis e religiosas. Entre os presentes
encontrava-se o Cardeal Stanislaw Dziwisz, antigo secretário pessoal de João Paulo
II, para quem esta visita – em particular a passagem por Auschwitz- tem "valor absolutamente
simbólico". A visita do Papa à Polónia poderá, para este responsável, servir para
aproximar polacos, judeus e alemães. A peregrinação aos lugares da vida do seu
predecessor, João Paulo II, é marcada pelo apelo “Permanecei fortes na fé", lema da
viagem. Varsóvia é a primeira etapa desta viagem que se concluirá no próximo domingo.
Depois de hoje dedicar o dia a vários encontros religiosos (clero, protestantes) e
com o Presidente, amanhã haverá uma missa na Praça Josef Pilsudski. O mesmo lugar
onde, em 1979, João Paulo II pediu aos seus compatriotas, ainda a viver sob a ditadura
comunista, que não tivessem medo. Bento XVI escolheu portanto a Polónia para a
sua primeira visita pastoral ao estrangeiro ( o ano passado a primeira e única viagem
tinha sido a Colónia para o encontro mundial da juventude) para prestar homenagem
á figura de João Paulo II “Vim para seguir os seus passos, ao longo do itinerário
da sua vida, desde a infância até á partida para o memorável conclave de 1978. Neste
caminho quero encontrar e conhecer melhor as gerações de crentes que o ofereceram
ao serviço de Deus e da Igreja e aquelas que nasceram e amadureceram para o Senhor
sob os seus cuidados pastorais, como sacerdote, como bispo e como Papa. No seu
discurso á chegada ao aeroporto de Varsóvia, Bento XVI que leu em polaco os primeiros
e os últimos parágrafos, continuando depois em italiano e confiando a tradução a um
sacerdote polaco, anunciou o lema desta sua peregrinação: “permanecei fortes na fé”. Recordo-o
–explicou - desde o inicio para afirmar que não se trata simplesmente de uma viagem
sentimental, embora válida também sob este aspecto, mas de um itinerário de fé, inscrito
na missão que me foi confiada pelo Senhor na pessoa do Apostolo Pedro. Também eu quero
beber da fonte abundante da vossa fé que jorra ininterruptamente desde há mais de
um milénio. Bento XVI assumiu também que a sua viagem apostólica à Polónia quer
ser um momento de diálogo com a Igreja, os cristãos e fiéis de outras religiões, bem
como com a sociedade civil. Na cerimónia de boas-vindas, no aeroporto de Varsóvia,
o Papa quis dirigir-se à Igreja Ortodoxa, Evangélica e às outras comunidades eclesiais,
para além da comunidade hebraica e do Islão. O seu primeiro pensamento foi para
as vítimas do nazismo: “Irei a Auschwitz e ali espero encontrar, sobretudo, os sobreviventes
do terror nazi, provenientes de várias nações, que sofreram a trágica opressão”. “Rezaremos
todos juntos, para que as pragas do século passado se curem com a medicação do bom
Deus, que nos chama ao perdão recíproco e nos oferece o mistério da sua misericórdia”,
disse. As paragens escolhidas por Bento XVI são significativas pela forte referência
à vida e ao pontificado de João Paulo II: Varsóvia; os Santuários de Czestochowa,
Kalwaria e da Divina Misericórdia; a cidade de Cracóvia; o campo de concentração de
Auschwitz; Wadowice, terra natal de Woytila. País com uma grande maioria católica
(mais de 90 por cento da população), a Polónia vive um forte processo de secularização
e Bento XVI quer aproveitar a visita para abordar a questão das raízes cristãs da
cultura europeia. Logo no seu primeiro discurso, o Papa lembrou os valores “eternos”
como os do Cristianismo, que constituem “um fundamento sólido para criar um mundo
melhor, no qual cada um possa encontrar a prosperidade material e a felicidade espiritual”.
O presidente da Polónia, Lech Kaczyński, também aludiu, no seu discurso de boas-vindas,
à importância do património católico no seu país.