AO DEFENDER PRINCÍPIOS ÉTICOS, IGREJA NÃO VIOLA LAICIDADE DO ESTADO, AFIRMA BENTO
XVI
Cidade do Vaticano, 18 mai (RV) - Ao evocar os princípios éticos _ fundamento
da própria essência do homem _ a Igreja não comete nenhuma violação do princípio de
laicidade: foi o que ressaltou Bento XVI, esta manhã, ao receber em audiência, os
bispos italianos, reunidos em assembléia geral.
O Papa falou sobre o conceito
de "laicidade sadia" e sobre as raízes cristãs da Itália, além de ter exortado os
bispos a serem disponíveis a seus sacerdotes.
"A Igreja é consciente de que
a distinção entre o que é de César e o que é de Deus" _ isto é, entre o Estado e a
Igreja _ pertence "à estrutura fundamental do Cristianismo" _ frisou o Santo Padre,
recordando sua encíclica "Deus caritas est", em cujo texto ressalta que tal "distinção
e autonomia, a Igreja não somente reconhece e respeita, mas dela se alegra, como de
um grande progresso da humanidade e de uma condição fundamental para a sua própria
liberdade e realização da sua missão universal de salvação".
Todavia _ ponderou
_ a Igreja não pode deixar de cumprir sua missão. "Ao mesmo tempo e justamente em
virtude de sua missão salvífica _ advertiu _ a Igreja não pode faltar com sua tarefa
de purificar a razão, mediante a proposta da própria doutrina social, argumentada
a partir daquilo que é conforme à natureza de todo ser humano, e de despertar as forças
morais e espirituais, abrindo a vontade às autênticas exigências do bem."
A
seguir, Bento XVI ressaltou que "uma sadia laicidade do Estado implica, sem dúvida,
que as realidades temporais se rejam segundo normais que lhe são próprias, às quais
pertencem, porém, também segundo aquelas instâncias éticas que têm seu fundamento
na própria essência do homem e, portanto, refletem, em última análise, o Criador".
"Nas
circunstâncias atuais _ acrescentou o Pontífice _ evocando o valor que alguns princípios
éticos fundamentais, radicados na grande herança cristã da Europa e, em particular,
da Itália, têm para a vida não somente privada, mas também pública, não cometemos
nenhuma violação da laicidade do Estado, mas, sobretudo, contribuímos para garantir
e promover a dignidade da pessoa e o bem comum da sociedade."
Bento XVI dedicou
uma parte significativa de seu discurso à vida e ao ministério dos sacerdotes, tema
principal da assembléia geral do Episcopado italiano.
"Para nós, bispos _ advertiu
_ é uma tarefa essencial ser constantemente disponíveis a nossos sacerdotes."
É
necessário _ reiterou _ cuidar, em primeiro lugar, de "uma atenta seleção dos candidatos
ao sacerdócio, verificando suas predisposições pessoais a assumir os compromissos
ligados com o futuro ministério".
Portanto, é preciso cultivar a formação,
"não somente nos anos do Seminário, mas também nas sucessivas fases de sua vida";
"ter no coração o bem-estar material e espiritual deles; exercitar a nossa paternidade
para com eles com ânimo fraterno".
"Jamais os deixem sozinhos nas tarefa do
ministério, na doença e na velhice, assim como nas inevitáveis provas da vida" _ disse
o Papa. (RL)