"A União Europeia não seja apenas um grande mercado; favoreça uma justa divisão das
riquezas no mundo e contribua para o verdadeiro desenvolvimento da Africa": Bento
XVI ao novo Embaixador da Bulgária junto da Santa Sé.
A União Europeia não seja apenas um grande mercado de troca de bens materiais cada
vez mais abundantes nem tão pouco seja uma realidade fechada em si mesma. Sobretudo
favoreça uma justa divisão das riquezas no mundo e contribua para o verdadeiro desenvolvimento
da África, favorecendo a correcção das injustiças derivantes do desequilíbrio entre
o Norte e o Sul do planeta, desequilíbrio que é factor de tensão e de ameaça para
a paz. Foi o que afirmou Bento XVI recebendo neste sábado as credenciais do embaixador
extraordinário e plenipotenciário da Bulgária junto da Santa Sé, Valentin Vassilev
Bozihilov. Uma intervenção temporalmente actual visto que a Bulgária está para
aderir á União Europeia: a decisão final será tomada pela Comissão em Bruxelas, na
próxima terça feira dia 16. E o Papa de certa maneira abençoou este momento muito
esperado pelo povo búlgaro. Um povo que graças á sua historia e cultura - recordou
Bento XVI- continua a fazer frutificar a sua herança cristã e é chamado a desempenhar
um papel importante para contribuir a dar de novo ao nosso continente o impulso espiritual
que demasiadas vezes lhe faltou. O Papa referiu-se de maneira especial á situação
dos jovens dos países europeus que dificilmente encontram lugar na sociedade que se
funda exclusivamente no consumismo e numa procura individualista exacerbada do bem
estar, enquanto que os jovens precisam de valores espirituais e morais, para construir
a sua personalidade e para se prepararem para participar na construção da sociedade. Bento
XVI afirmou a própria certeza de que a Bulgária saberá dar o próprio contributo –
a própria pedra original – ao edifício comum, precisamente a EU, para que este não
seja apenas um grande mercado de troca de bens materiais, esquecendo de possuir uma
alma, uma verdadeira dimensão espiritual que reflicta a herança cristã de tantas
testemunhas do passado e seja portador de vida e criatividade, para construir o homem
europeu do futuro. Desta maneira - disse ainda o Papa – as jovens gerações poderão
reencontrar confiança no futuro e empenhar-se sem temor nos projectos de longo alcance,
fazendo nascer novas famílias , solidamente construídas no matrimónio e abertas ao
acolhimento de meninos, dispostas a colocar-se ao serviço do bem comum da sociedade
nas actividades politicas, económicas e sociais e empenhando-se numa atitude de solidariedade
com os mais pobres, com os migrantes que vêem de outros horizontes para encontrar
um refúgio ou uma “chance” de futuro. Bento XVI disse ainda que num mundo incerto
como o actual, a Europa pode tornar-se testemunha e mensageira de diálogo necessário
entre as culturas e as religiões, de diálogo entre as nações para responder ao pedido
de homens e de mulheres em muitos países do mundo, de desenvolvimento, democracia
e liberdade religiosa. A Santa Sé não cessa de agir a favor da promoção de um
autentico diálogo entre as nações e os responsáveis das religiões, e de envidar esforços
no sentido de fazer cessar a violência, que hoje alastra perigosamente. A concluir,
Bento XVI formulou votos de um maior diálogo na Bulgária entre os fiéis católicos
e os seus irmãos da Igreja Ortodoxa búlgara .