2006-05-13 17:52:00

MAIOR COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NA LUTA CONTRA O TERRORISMO: A EXORTAÇÃO DO OBSERVADOR PERMANENTE DA SANTA SÉ NA ONU


Nova York, 12 mai (RV) - É preciso maior colaboração entre os Estados, para combater o terrorismo. Foi o que ressaltou, na última quinta-feira, o Observador Permanente da Santa Sé na ONU, Dom Celestino Migliore, em seu pronunciamento na consulta informal da Assembléia Geral sobre as estratégias contra o terrorismo.

O Arcebispo se pronunciou também na reunião da Comissão da ONU sobre o desenvolvimento sustentável, na qual lançou a proposta da criação de um novo organismo para a defesa do ambiente.

Não existe nenhuma causa que "possa justificar ou legitimar" o terrorismo, reiterou o representante vaticano que, em seu pronunciamento, garantiu o apoio da Santa Sé à ONU, na busca de "uma base comum sobre a qual as nações possam construir uma estratégia eficaz contra o terrorismo".

O prelado recordou o apelo de Bento XVI a todos os homens de boa vontade, a fim de que intensifiquem os esforços "de reflexão, cooperação, diálogo e oração" para derrotar o terrorismo, em vista da edificação de uma "pacífica coexistência na família humana".

Quando se analisa o fenômeno terrorismo, afirmou o observador vaticano, não basta ater-se a motivos de caráter político e social. É preciso olhar para as "mais profundas motivações culturais, religiosas e ideológicas".

Sem dúvida _ constatou ele _ "a religião tem um potencial positivo enorme, se lhe é dada uma possibilidade". A Santa Sé defende "aquelas iniciativas que fazem do fiel, um agente de paz".

Quando as religiões são verdadeiramente compreendidas, disse ele, então "podem se tornar parte da solução do problema, e não o próprio problema". A verdadeira natureza da religião, advertiu, está no "respeito à dignidade humana". Um princípio, prosseguiu o prelado, ao qual se liga "o conceito de reciprocidade" no Direito Internacional.

Dom Migliore ressaltou a importância de medidas voltadas a combater com vigor, aqueles que "financiam o ódio religioso, étnico e a intolerância".

O Observador da Santa Sé na ONU ressaltou que o antiterrorismo deve caracterizar-se por sua "negação a toda justificativa moral aos terroristas". "Por isso _ declarou _ o tratamento aos terroristas deve ser sempre de acordo com as normas humanitárias internacionais."

Trata-se, "em última instância, de uma batalha pela conquista dos corações e das mentes" _ frisou Dom Migliore.

O representante vaticano ressaltou que ainda que a frustração de jovens imigrantes tenha levado, em alguns casos, à violação da ordem, "o pedido de uma justa solução" para as questões sociais e econômicas "continua sendo legítimo". Resolvendo tais questões "de modo justo e veloz _ acrescentou _ as nações podem tirar dos terroristas o oxigênio do ódio".

O Arcebispo expressou preocupação pela possibilidade de os terroristas entrarem de posse de armas de destruição em massa, advertindo que a ameaça do bioterrorismo continua sendo subestimada.

No pronunciamento que Dom Celestino Migliore fez perante a Comissão da ONU sobre o desenvolvimento sustentável, afirmou que é preciso promover urgentemente "o sentido da responsabilidade humana em relação à Terra", tanto em nível de nações quanto em nível individual.

Portanto _ salientou _ deve ser favorecida "uma ecologia que coloque o ser humano no centro das preocupações ambientalistas".

Ele propôs que o Programa das Nações Unidas para o Ambiente se torne uma "mais robusta Organização da ONU para o Ambiente".

Dom Migliore se deteve sobre alguns pontos relativos ao estado de saúde do Planeta_ em primeiro lugar, a água. O Arcebispo recordou que hoje, um bilhão e meio de seres humanos não têm acesso à água potável e tal chaga é causa, todos os dias, da morte de 34 mil pessoas. Para fazer frente a essa tragédia, disse ele, deve ser encorajada "uma mudança no consumo e um aumento dos fornecimentos de água potável".

No que diz respeito à energia, o prelado exortou os responsáveis pelas nações a reforçarem os investimentos nas fontes renováveis. O acesso a energias confiáveis e não-poluentes, prosseguiu, é uma dos principais desafios para a erradicação da pobreza. Por isso, a pesquisa nesse setor deve ser encorajada.

O prelado se deteve também sobre a questão da poluição gerada pelos meios de transporte, em particular, com a emissão dos gases que provocam o efeito estufa, causa do aquecimento global.

Fazendo eco à Agenda 21 da ONU, Dom Migliore reconheceu a legitimidade da busca de um crescimento econômico por parte dos países em desenvolvimento, mas, acrescentou ele, esse crescimento econômico "não pode se dar a todo custo".

Por fim, o Observador Permanente da Santa Sé na ONU reiterou que nenhuma nação pode alcançar sozinha o objetivo de um desenvolvimento econômico eco-sustentável, fazendo votos de uma colaboração internacional nesse âmbito essencial para o futuro da humanidade. (RL)







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