MAIOR COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NA LUTA CONTRA O TERRORISMO: A EXORTAÇÃO DO OBSERVADOR
PERMANENTE DA SANTA SÉ NA ONU
Nova York, 12 mai (RV) - É preciso maior colaboração entre os Estados, para
combater o terrorismo. Foi o que ressaltou, na última quinta-feira, o Observador Permanente
da Santa Sé na ONU, Dom Celestino Migliore, em seu pronunciamento na consulta informal
da Assembléia Geral sobre as estratégias contra o terrorismo.
O Arcebispo se
pronunciou também na reunião da Comissão da ONU sobre o desenvolvimento sustentável,
na qual lançou a proposta da criação de um novo organismo para a defesa do ambiente.
Não
existe nenhuma causa que "possa justificar ou legitimar" o terrorismo, reiterou o
representante vaticano que, em seu pronunciamento, garantiu o apoio da Santa Sé à
ONU, na busca de "uma base comum sobre a qual as nações possam construir uma estratégia
eficaz contra o terrorismo".
O prelado recordou o apelo de Bento XVI a todos
os homens de boa vontade, a fim de que intensifiquem os esforços "de reflexão, cooperação,
diálogo e oração" para derrotar o terrorismo, em vista da edificação de uma "pacífica
coexistência na família humana".
Quando se analisa o fenômeno terrorismo, afirmou
o observador vaticano, não basta ater-se a motivos de caráter político e social. É
preciso olhar para as "mais profundas motivações culturais, religiosas e ideológicas".
Sem
dúvida _ constatou ele _ "a religião tem um potencial positivo enorme, se lhe é dada
uma possibilidade". A Santa Sé defende "aquelas iniciativas que fazem do fiel, um
agente de paz".
Quando as religiões são verdadeiramente compreendidas, disse
ele, então "podem se tornar parte da solução do problema, e não o próprio problema".
A verdadeira natureza da religião, advertiu, está no "respeito à dignidade humana".
Um princípio, prosseguiu o prelado, ao qual se liga "o conceito de reciprocidade"
no Direito Internacional.
Dom Migliore ressaltou a importância de medidas voltadas
a combater com vigor, aqueles que "financiam o ódio religioso, étnico e a intolerância".
O
Observador da Santa Sé na ONU ressaltou que o antiterrorismo deve caracterizar-se
por sua "negação a toda justificativa moral aos terroristas". "Por isso _ declarou
_ o tratamento aos terroristas deve ser sempre de acordo com as normas humanitárias
internacionais."
Trata-se, "em última instância, de uma batalha pela conquista
dos corações e das mentes" _ frisou Dom Migliore.
O representante vaticano
ressaltou que ainda que a frustração de jovens imigrantes tenha levado, em alguns
casos, à violação da ordem, "o pedido de uma justa solução" para as questões sociais
e econômicas "continua sendo legítimo". Resolvendo tais questões "de modo justo e
veloz _ acrescentou _ as nações podem tirar dos terroristas o oxigênio do ódio".
O
Arcebispo expressou preocupação pela possibilidade de os terroristas entrarem de posse
de armas de destruição em massa, advertindo que a ameaça do bioterrorismo continua
sendo subestimada.
No pronunciamento que Dom Celestino Migliore fez perante
a Comissão da ONU sobre o desenvolvimento sustentável, afirmou que é preciso promover
urgentemente "o sentido da responsabilidade humana em relação à Terra", tanto em nível
de nações quanto em nível individual.
Portanto _ salientou _ deve ser favorecida
"uma ecologia que coloque o ser humano no centro das preocupações ambientalistas".
Ele
propôs que o Programa das Nações Unidas para o Ambiente se torne uma "mais robusta
Organização da ONU para o Ambiente".
Dom Migliore se deteve sobre alguns pontos
relativos ao estado de saúde do Planeta_ em primeiro lugar, a água. O Arcebispo recordou
que hoje, um bilhão e meio de seres humanos não têm acesso à água potável e tal chaga
é causa, todos os dias, da morte de 34 mil pessoas. Para fazer frente a essa tragédia,
disse ele, deve ser encorajada "uma mudança no consumo e um aumento dos fornecimentos
de água potável".
No que diz respeito à energia, o prelado exortou os responsáveis
pelas nações a reforçarem os investimentos nas fontes renováveis. O acesso a energias
confiáveis e não-poluentes, prosseguiu, é uma dos principais desafios para a erradicação
da pobreza. Por isso, a pesquisa nesse setor deve ser encorajada.
O prelado
se deteve também sobre a questão da poluição gerada pelos meios de transporte, em
particular, com a emissão dos gases que provocam o efeito estufa, causa do aquecimento
global.
Fazendo eco à Agenda 21 da ONU, Dom Migliore reconheceu a legitimidade
da busca de um crescimento econômico por parte dos países em desenvolvimento, mas,
acrescentou ele, esse crescimento econômico "não pode se dar a todo custo".
Por
fim, o Observador Permanente da Santa Sé na ONU reiterou que nenhuma nação pode alcançar
sozinha o objetivo de um desenvolvimento econômico eco-sustentável, fazendo votos
de uma colaboração internacional nesse âmbito essencial para o futuro da humanidade.
(RL)