Pequim, 02 mai (RV) - A China rompeu o clima de confiança que começava a ser
instaurado com a Santa Sé, ao ordenar, sem um prévio acordo com a Igreja em Roma,
novos bispos da Igreja Católica oficial no país, submetida à autoridade da Associação
Patriótica.
No dia 30 de abril, Pe. Ma Yinglin, de 40 anos, Secretário da Conferência
Episcopal da Igreja Católica oficialmente considerada no país, foi consagrado Bispo
de Kunming, na província de Yunnan, sudoeste do país.
Na próxima quarta-feira,
será ordenado outro Bispo da Associação Católica Patriótica: Pe. Liu Xinhong, Administrador
da Diocese "oficial" de Wuhu, na província de Anhui, China central.
Segundo
a agência missionária de notícias, AsiaNews, especializada em questões asiáticas,
Pe. Xinhong é uma pessoa "muito próxima do governo" e sua ordenação episcopal havia
sido explicitamente rejeitada pela Santa Sé.
A Constituição chinesa permite
a existência de cinco Igrejas oficiais _ chamadas Associações Patrióticas _ entre
as quais a Católica, que teria pouco mais de cinco milhões de fiéis.
Segundo
fontes do Vaticano, a Igreja Católica "clandestina" conta mais de 8 milhões de fiéis,
que são obrigados a celebrar missas em segredo, nas suas casas, com o risco de ser
presos.
Nos últimos meses, a Associação Católica Patriótica lançou uma violenta
campanha destinada a evitar qualquer aproximação entre Pequim e a Santa Sé. Vários
contatos informais têm sido desenvolvidos, desde que Bento XVI sucedeu a João Paulo
II, fazendo do estabelecimento de relações diplomáticas com a China uma das suas prioridades,
algo que a Associação Católica Patriótica vê como um perigo para a organização.
O
"degelo" nas relações entre a China e a Santa Sé, que já havia sido confirmado pelo
Secretário do Vaticano para as Relações com os Estados, Arcebispo Giovanni Lajolo,
fez com que o Vaticano não ordenasse bispos para a Igreja "clandestina" em troca da
não ordenação de bispos para a Igreja "oficial", por parte do governo de Pequim. (CM)