2006-04-29 19:19:56

CARDEAL MARTINO: DIREITO À LIBERDADE RELIGIOSA NEM SEMPRE É RESPEITADO NOS PAÍSES DEMOCRÁTICOS E LIBERAIS


Cidade do Vaticano, 28 abr (RV) - A neutralidade ideológica do Estado de direito não deve ser confundida com sua presumível neutralidade ética, com o risco do predomínio dos mais fortes sobre os mais fracos, e dos interesses particulares sobre o bem comum.

Foi o que afirmou o Presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz", Cardeal Renato Raffaele Martino, falando, nesta quinta-feira, na Academia Diplomática de Viena, na conclusão de um itinerário feito pelo purpurado nos dias passados, passando pelas capitais da Croácia, Hungria e Áustria, para a apresentação do Compêndio da Doutrina Social da Igreja, publicado por esse organismo vaticano.

No discurso sobre o tema "Religião no espaço público: liberdade religiosa na nova Europa", em Viena, o Cardeal Martino denunciou que também nos países democráticos e liberais o direito à liberdade religiosa nem sempre é substancialmente respeitado, e reafirmou que "a liberdade de religião é a garantia primária a fim de que os direitos humanos não sejam colocados na areia da convenção, mas na rocha do fundamento transcendente".

Por isso, o respeito, por parte dos Estados, do direito à liberdade de religião é sinal do respeito dos outros direitos fundamentais, na medida em que ele é o reconhecimento implícito da existência de uma ordem que supera a dimensão política da existência.

Rejeitando, a seguir, uma concepção da laicidade que exclui a religião da vida pública relegando-a a um fato meramente privado, o Presidente do "Justiça e Paz" reiterou que "um regime político autenticamente laico aceita que os cristãos individualmente considerados ajam como cristãos na sociedade, sem camuflar-se, assim como aceita que a Igreja manifeste suas avaliações sobre as grandes questões éticas em jogo".

Esse é um interesse da própria política _ acrescentou o Cardeal Martino _ na medida em que, se ela pretende viver como se Deus não existisse, acaba por se tornar árida e perde a consciência da própria intangibilidade da dignidade humana.

Precedentemente, o purpurado _ que retornou ao Vaticano nesta quinta-feira _ se encontrou com o Presidente da República austríaca, Heinz Fischer, e com o Presidente do Parlamento, Andreas Khol. (RL)







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