Teerão ameaça abandonar Tratado de Não Proliferação Nuclear
O Presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, rejeitou ontem o pedido do Conselho de
Segurança das Nações Unidas para que, até ao final da semana, suspendesse o enriquecimento
de urânio. Numa conferência de imprensa em Teerão ameaçou abandonar o Tratado de Não
Proliferação (TNP) Nuclear se o Irão for "privado do seu direito" de produzir energia
nuclear.
"A nossa actividade é transparente, ao contrário de outros que trabalham
na sombra", garantiu o Presidente.
O Ocidente, e sobretudo os EUA, acusam
Teerão de desenvolver armas ao abrigo de um programa nuclear civil. Dizendo privilegiar
uma solução diplomática, Washington recusa, contudo, afastar a hipótese de uma acção
militar.
A 28 de Março, o Conselho de Segurança apelou a Teerão para que suspendesse
o programa nuclear ou seria sujeito a sanções. Ignorando o alerta, a 11 de Abril o
regime iraniano anunciou ter enriquecido urânio em concentrações que permitem passar
ao fabrico da bomba atómica.
Considerando o pedido da ONU como "um erro", o
líder iraniano criticou o Conselho de Segurança e a Agência Internacional de Energia
Atómica (AIEA), afirmando que "as instituições responsáveis pela segurança no mundo"
são "fantoches nas mãos de algumas potências". Tendo causado indignação em Setembro
ao afirmar que Israel devia ser "riscado do mapa", Ahmadinejad voltou a atacar o Estado
hebreu afirmando que "um regime falso não pode sobreviver".
O líder iraniano
sublinhou a "responsabilidade" da Europa na criação de Israel, referindo que agora
tem de "resolver o problema".
Num discurso em Telavive, o ministro da Defesa
israelita, Shaul Mofaz, sublinhou que o programa nuclear de Teerão é "a maior ameaça
para os judeus desde o Holocausto". Israel tem apoiado os esforços do Ocidente para
resolver esta crise de forma pacífica, mas as polémicas declarações de Ahmadinejad
têm aumentado os receios de um ataque preventivo israelita contra as centrais nucleares
iranianas, à semelhança do realizado em 1981 contra o reactor de Osiraq, no Iraque.
A
possibilidade de o Irão se tornar uma potência nuclear preocupa os países da região.
Em entrevista ao El País, o Rei Abdullah II da Jordânia rejeitou o recurso
à força para impedir Teerão de se dotar da bomba. Mas o monarca sublinhou: "Se dizemos
não ao Irão, temos de dizer não a outros países que também têm armas nucleares", referindo-se
a Israel. Para evitar a proliferação no Médio Oriente, Abdullah aponta uma única solução:
"Paz." O Conselho de Segurança pediu a Teerão para suspender a sua actividade
de enriquecimento de urânio até 28 de Abril. Consultas entre membros do Conselho vão
ter lugar esta semana sobre um projecto de resolução que poderá forçar legalmente
o Irão a atender este pedido.