Igreja denuncia aumento dos conflitos agrários no Brasil
A Comissão Pastoral da Terra (CPT), organismo ligado à Conferência Episcopal do Brasil,
denunciou o crescimento dos conflitos agrários no país, acusando o presidente Lula
da Silva de não ser capaz de fazer face ao problema.
“Em 2005, os dados registrados
pela CPT mostram um crescimento assustador de 106% das mortes em consequência dos
conflitos. No ano passado 64 pessoas morreram. Em 2004, 31 mortes aconteceram”, refere
o relatório, agora publicado.
Entre essas mortes conta-se a da Ir. Dorothy
Stang, assassinada a mando de grandes fazendeiros do Estado do Pará, na Amazónia.
Para
a CPT, existe no Brasil uma “falta de políticas nas áreas agrária, ambiental e laboral”,
que faz aumentar o número de mortes. “A injusta concentração fundiária, a não demarcação
das terras indígenas e a não realização da reforma agrária fazem crescer o número
de vítimas inocentes, sobretudo crianças indígenas, que morreram por desnutrição ou
por falta de atendimento básico adequado”, assinala o documento.
Em 2005, o
número de conflitos registado foi o maior entre os 21 anos da publicação “Conflitos
no Campo Brasil”. Aconteceram 1.881 conflitos no ano passado, enquanto em 2004 foram
1801, o que mostra um crescimento de 4,4%.
Houve ainda um aumento significativo
de famílias expulsas da terra em 2005: 42.5% a mais do em 2004. No ano passado foram
expulsas 4.366 famílias. Em 2004 foram 3.063.