O Cardeal Walter Kasper considera que Bento XVI recentrou o diálogo ecuménico nas
questões essenciais, ao longo deste primeiro ano de pontificado. Entre elas estão
o primado do Papa, para os ortodoxos, e a natureza da Igreja, para os protestantes.
Em
entrevista ao jornal católico francês “La Croix”, publicada esta quarta feira, o presidente
do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos (CPPUC) lembra que
“o Papa é um teólogo bem conhecido pelos outros responsáveis cristãos e pode ajudar
a aprofundar as questões centrais”.
Em relação aos ortodoxos, é aguardada com
expectativa a viagem de Bento XVI à Turquia, em Novembro, para encontrar-se com o
Patriarca ecuménico de Constantinopla, Bartolomeu I. O Cardeal Kasper explica que
esta viagem “é uma maneira de mostrar a vontade de ir mais longe”, admitindo, por
exemplo, uma peregrinação à Terra Santa.
Quanto às relações com o Patriarcado
Ortodoxo de Moscovo, não há neste momento nenhum projecto de viagem papal. Já em Setembro,
a comissão bilateral para o diálogo teológico entre católicos e ortodoxos irá analisar
a questão do primado do Papa e do proselitismo de que a Igreja Católica é acusada
nos territórios da antiga URSS.
O diálogo com os protestantes continua apesar
das dificuldades relativas a algumas posições sobre questões como o aborto, as uniões
homossexuais ou a ordenação de mulheres. O Cardeal Kasper explica ainda que “a nossa
visão sobre os sacramentos está muito distante”.
“Com os protestantes, a dificuldade
é saber o que é a Igreja, para eles e para nós”, prossegue, o que dificulta a própria
conceptualização do ecumenismo, que varia em função do tipo de Igreja que se deseja.