IGREJA NO PARAGUAI NÃO CHEGA A CONSENSO FRENTE A CONFLITOS POLÍTICOS
Assunção, 17 abr (RV) - A Igreja já não pode continuar oxigenando os políticos
em momentos de crise e não se deve repetir a má experiência que se teve com o Presidente
Luis González Macchi: é a opinião do Bispo emérito de San Pedro, Paraguai, Dom Fernando
Armindo Lugo Méndez.
O prelado afirmou que, para haver um diálogo entre o governo
e a oposição, deve haver a vontade das duas partes, situação que não se dá atualmente.
A
marcha cívica do dia 29 de março continua tendo repercussões na política nacional.
O Presidente insiste num diálogo; a oposição impõe condições.
A sugestão do
Arcebispo de Assunção, Dom Pastor Cuquejo, para que a oposição aceitasse a proposta
de diálogo do Presidente da república e do Partido Colorado, Nicanor Duarte Frutos,
não é compartilhada pela maioria dos bispos paraguaios.
Por sua vez, o Presidente
da Conferência Episcopal Paraguaia (CEP), Dom Ignacio Gogorza, esclareceu que se tratava
de uma opinião muito pessoal, e que, existindo um responsável pela crise institucional
no país, deveria ser ele a dar o primeiro passo, na busca de uma solução.
Na
opinião de Dom Lugo Méndez, embora exista uma comunhão doutrinal entre os pastores
da Igreja Católica nas questões políticas, é natural que haja discrepâncias. "Essas
opiniões são totalmente políticas" _ indicou.
O Bispo emérito de San Pedro
não acredita que a cúpula da Igreja no país deva se comprometer neste momento, a mediar
entre o chefe do Executivo nacional, Nicanor Duarte Frutos, e os líderes da oposição.
Ele explicou que, enquanto não houver consenso de ambas as partes, para entabular
um diálogo, não haverá condições para nenhuma mediação.
Dom Lugo Méndez recordou
ainda, que desde que o Presidente Duarte Frutos violou um artigo da Constituição,
ao exercer concomitantemente, a presidência da República e a presidência de seu partido,
produziu-se uma ruptura institucional e a oposição se radicalizou.
O Bispo
está de acordo com o Presidente do Episcopado, quando afirma que quem provocou a crise
deve corrigir seu erro, pelo menos pedindo desculpas ao povo por seu ato. (MZ)