A Liga Árabe pediu ontem ao governo palestiniano do Hamas para adoptar a proposta
árabe de paz com Israel, devido os Estados Unidos e a União Europeia terem decidido
suspender as suas ajudas directas e a população não receber salários desde Março.
A iniciativa árabe de paz, adoptada durante a cimeira de Beirute em 2002,
prevê a normalização das relações com Israel em troca de uma retirada total israelita
dos territórios árabes ocupados em 1967 e o estabelecimento de um Estado palestiniano.
O
chefe da diplomacia palestiniana iniciou no último sábado um périplo pelo Egipto,
Jordânia, Arábia Saudita, Bahrein e Kuwait, para tentar obter ajuda financeira e apoio
político ao Governo do Hamas.
O governo de Haniye anunciou, entretanto, o lançamento
de uma campanha via Internet e em canais de televisão, financiada pela Liga Árabe,
para pedir ajuda financeira.
Uma grave deterioração e possíveis episódios de
violência na Faixa de Gaza se até à próxima semana a ANP não liquidar os salários
são agora encarados.
O governo do ANP, a cargo do primeiro-ministro Ismail
Haniye, do Hamas, ainda não conseguiu reunir os 120 milhões de dólares de que necessita
para pagar ordenados aos seus 140 mil empregados públicos em Gaza e na Cisjordânia.
Após
o congelamento por Israel de cerca de 50 milhões de dólares (41 milhões de euros)
de taxas alfandegárias devidas à ANP, os Estados Unidos e a União Europeia decidiram
suspender as suas ajudas directas ao governo do Hamas, que consideram como um movimento
terrorista.
Segundo reportam as agências noticiosas, a população da Faixa de
Gaza foi já obrigada a diminuir notoriamente as suas compras de bens de consumo porque
na sua maioria é constituída por funcionários da ANP que ainda não receberam os salários
de Março, segundo fontes locais.