2006-04-14 19:20:38

O escândalo da pobreza, o ataque á familia, o sentido da Cruz no exemplo de varios Santos, fio condutor das meditações da Via Sacra no Coliseu de Roma.


O drama da divisão do mundo em “vilas e barracas, a agressão diabólica á familia, o sentido da Cruz no exemplo de vários santos entre os quais Francisco de Assis, Madre Teresa de Calcutá e também João Paulo II. Estes são alguns dos temas e das referencias fundamentais que foram tocados nas meditações da Via Sacra desta Sexta Feira Santa, presidida pela primeira vez por Bento XVI- e escritas este ano pelo arcebispo Ângelo Comastri, vigário do Papa para a Cidade do Vaticano e presidente da Fábrica de São Pedro.
O tema do pecado, ou melhor do retorno do pecado através da indiferença em relação a ele, com grande difusão na cultura contemporânea foi o fio condutor das reflexões e orações ao longo das 14 estações da Via Sacra. Na meditação para a terceira estação afirma-se de facto: perdemos o sentido do pecado!
Hoje vai-se difundindo, com insidiosa propaganda, uma insensata apologia do mal, um absurdo culto de Satanás um louco desejo de transgressão, uma liberdade enganadora e inconsistente que exalta o capricho, o vício e o egoísmo apresentando-os como conquistas de civilização.”
As meditações e as orações foram depois acompanhadas por um discurso conclusivo de Bento XVI, proferido no final do rito da Via Sacra.
“Certamente é dolorosa paixão de Deus a agressão contra a família. Hoje parece estar em acto uma espécie de anti-Génesis, um anti-desígnio, um orgulho diabólico que pensa em cancelar a família.”
Esta é sem dúvida uma das passagens mais fortes das meditações nas quais são frequentes as referencias á actualidade, ás grandes questões éticas, sociais e culturais do nosso tempo. O forte apelo á defesa da família está contido nas meditações para a sétima estação, quando Jesus cai pela segunda vez. No mesmo trecho encontra-se uma forte denuncia das tentativas de manipulação da vida.
“O homem quereria reinventar a humanidade modificando a própria gramática da vida
tal como Deus a pensou e quis.
Mas, substituir-se a Deus sem ser Deus é a mais louca arrogância ,é a aventura mais perigosa.”
De forte impacto também a questão da divisão do mundo entre riqueza e pobreza, entre abundância e desperdício e indigência absoluta.
A divisão do mundo em zonas de bem-estar e em zonas de miséria… é, hoje, a agonia de Cristo”, lê-se na meditação da nona estação, em que Jesus cai pela terceira vez. E ainda: o mundo é formado por dois compartimentos: num compartimento desperdiça-se no outro definha-se ;num morre-se de abundância e no outro morre-se de indigência;
num teme-se a obesidade e no outro invoca-se a caridade.
Segue-se depois uma série de interrogações retóricas que acentuam a indiferença dos ricos em relação ao problema da pobreza:” Porque é que não abrimos uma porta? Porquê não formamos uma única mesa? Porquê não entendemos que os pobres são a cura dos ricos? Porquê? Porquê? Porque somos tão cegos?”. Na oração sucessiva afirma-se que um só é o Proprietário do mundo: Deus.” acumular é roubar se o acumulado inútil impede a outros de viverem.

Senhor Jesus, faz com que acabe o escândalo que divide o mundo em palácios e barracas. Senhor, ensina-nos de novo a fraternidade!
A meditação para a quinta estação é pelo contrário uma admoestação contra o egoísmo do nosso tempo e da nossa sociedade que não nos deixa ver os débeis, os marginais e as figuras sociais frágeis e expostas á prepotência e á solidão. Referindo-se ao Cireneu, isto é, aquele que carregou sobre os seus ombros a cruz de Cristo e o ajudou a suportar todo o peso e a dor, afirma-se:”
Tu nos recordas que Cristo nos espera na estrada, no vão das escadas, no hospital, na prisão…nas periferias das nossas cidades. Cristo espera-nos…!
Será que O reconhecemos? Iremos socorrê-Lo? Ou morreremos no nosso egoísmo?” E ainda na oração que se segue, lê-se: “Senhor Jesus, o bem-estar vai-nos desumanizando, a diversão tornou-se uma alienação, uma droga: e a monótona publicidade desta sociedade é um convite a morrer no egoísmo.
A 12ª estação é caracterizada pela procura do significado da Cruz e do sacrifício de Cristo através do exemplo de algumas grandes figuras de santidade da historia da Igreja entre as quais, e não é um caso, se encontra João Paulo II.
“O homem pensou insensatamente: Deus morreu! – lê-se na meditação, mas depois observa-se que da cruz nasce a vida nova de Saulo, a conversão de Agostinho, a pobreza feliz de Francisco de Assis, a bondade irradiante de Vicente de Paulo ; o heroísmo de Maximiliano Kolbe, a maravilhosa caridade de Madre Teresa de Calcutá, a coragem de João Paulo II.
Portanto, “ da cruz nasce a revolução do amor: por isso a cruz não é a morte de Deus, mas é o nascimento do seu Amor no mundo.”








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