CARDEAIS LATINO-AMERICANOS CRITICAM OPORTUNISMO EM TORNO DO "EVANGELHO DE JUDAS"
Cidade do México, 11 abr (RV) - Quatro arcebispos latino-americanos _ três
deles cardeais _ lamentaram o oportunismo comercial do canal televisivo "National
Geographic", que apresentou, no Domingo de Ramos, o suposto "Evangelho de Judas",
apresentando-o como se fosse um documento que verdadeiramente apresenta alguma revelação
sobre Jesus.
Na realidade, o "Evangelho de Judas" é um dos numerosos livros
escritos pelas seitas gnósticas, usando falsamente o nome dos apóstolos, e que nunca
foram aceitos pelos primeiros discípulos da Igreja.
O próprio programa do "National
Geographic", ao apresentar o documento, assinalou que ele remonta ao ano 260 d. C.,
ou seja, mais de 200 anos depois que foram escritos os primeiros evangelhos, de Marcos
e Mateus.
No México, o Cardeal-arcebispo de Guadalajara, Juan Sandoval Íñiguez,
referiu que "os inimigos da Igreja estão buscando argumentos antigos e escritos apócrifos
para confundir o povo e, se o povo não aprofundar sua fé, acabará confundido".
O
Cardeal assegurou que o "Evangelho de Judas" apresentado pelo "National Geographic"
como uma "novidade", já era conhecido pela Igreja desde 1945 quando foi descoberto
no Egito.
Por sua vez, o Cardeal-arcebispo da Cidade do México, Norberto Rivera
Carrera, declarou que o programa do "National Geographic" é "sensacionalista e carente
de credibilidade".
O Arcebispo de Monterrey, México, Dom Francisco Robles Ortega,
criticou o oportunismo do "National Geographic", ao apresentar o suposto "evangelho".
Dom
Robles Ortega fez ver que a "novidade" da notícia não é verdadeira, pois "a comunidade
cristã, séculos atrás, já julgou este texto e muitos outros, e não lhes deu valor.
Por isso, não fazem parte do cânon da Bíblia".
"Os únicos documentos históricos
e autênticos para a fé cristã são os Evangelhos que se são considerados "canônicos",
ou seja, foram desde o princípio aprovados pela Igreja. Por isso convido os católicos
_ disse Dom Robles Ortega _ a não se deixarem perturbar por esse tipo de notícias."
Por
sua vez, o Cardeal-arcebispo de Santiago do Chile, Francisco Javier Errázuriz Ossa,
assegurou que o texto em questão é um dos numerosos apócrifos que entram em contradição
com os Evangelhos que a Igreja sempre considerou verdadeiros.
O Cardeal recordou
que "os Evangelhos considerados verdadeiros pela Igreja, foram escritos pelos próprios
apóstolos ou por pessoas muito próximas aos apóstolos", enquanto o chamado "Evangelho
de Judas" é "totalmente contraditório com o que até agora se conhece da história cristã".
"Quando
Judas teve tempo para escrever um evangelho, se ele se enforcou? Não só isso, os primeiros
cristãos escreveram que, quando ele devolveu as moedas de prata, não as quiseram colocar
no tesouro do templo e com o dinheiro se comprou um campo que até hoje tem o nome
de Campo do Sangue, porque é fruto do derramamento do sangue de Cristo e do suicídio
de Judas. Em outras palavras, o documento é contraditório e tardio" _ concluiu o Cardeal
Errázuriz Ossa. (MZ)