2006-04-05 12:59:19

Milhões de pessoas ameaçadas por minas terrestres: um quinto dos atingidos são crianças


As minas antipessoal e outros artefactos por explodir continuam a ameaçar as vidas de milhões de pessoas em 84 países. A advertência do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) foi feita ontem, numa mensagem divulgada por ocasião do primeiro Dia Internacional da Luta contra as Minas. Segundo o Relatório de Acompanhamento das Minas Terrestres de 2005, todos os anos, as minas terrestres e as munições abandonadas matam ou ferem 15 mil a 20 mil pessoas, um quinto das quais são crianças. Apesar dos números elevados verificou-se uma redução em relação às 26 mil vítimas anuais que se registavam no final da década de 90. A Unicef adianta que a quase totalidade das crianças vítimas das minas – 85 por cento – morre antes de receber assistência médica. Por outro lado, os que sobrevivem mas ficam incapacitados deixam de poder ir à escola porque, em geral, perdem um ou os dois membros inferiores. Segundo a agência, este drama podia ser evitado em grande medida através de uma aceleração dos trabalhos de levantamento de minas, que podiam fazer-se “em anos, em vez de décadas” e “salvar milhões de crianças da morte ou de ferimentos devastadores”. “As guerras não acabam verdadeiramente enquanto as crianças não puderem brincar em segurança e ir à escola sem medo das minas e de outros tipos de restos explosivos”, afirmou, num comunicado, a directora da agência, Ann Veneman.

A organização sustenta que milhares de minas antipessoal estão enterradas “em praticamente todas as regiões do mundo”, com especial destaque para países como a Colômbia, Iraque, Afeganistão, Nepal, Sri Lanka e Bósnia-Herzegovina, além da república russa da Tchetchénia. As situações mais dramáticas registam-se, no entanto, no Camboja, onde se podem encontrar minas enterradas em quase metade das localidades, e no Laos, onde um quarto das áreas povoadas está na mesma situação. Angola e Moçambique – duas nações africanas de língua oficial portuguesa envolvidas em conflitos civis durante décadas – são igualmente países muito castigados com este problema. Em 1999, entrou em vigor a Convenção sobre a Proibição do Uso, Armazenamento, Produção e Transporte de Minas Pessoais (Tratado de Otava) que, desde Novembro de 2002, já tem 146 assinaturas e 130 ratificações.

A Unicef relança, por isso, o apelo à comunidade internacional para que trabalhe em conjunto numa solução para este drama, nomeadamente através de contribuições para os programas de luta contra as minas, este ano no valor de 243 milhões de euros, para a ONU, e 18,8 milhões adicionais para a Unicef.








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