CHINA E VATICANO NEGOCIAM NORMALIZAÇÃO DE RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS
Pequim, 03 abr (RV) - O responsável chinês para os assuntos religiosos, Ye
Xiaowen, admitiu que a China e o Vaticano estão negociando a normalização de suas
relações diplomáticas, e que Pequim poderá aceitar "consultas" sobre a nomeação de
bispos por parte da Santa Sé, algo que o governo chinês sempre considerou "ingerência
nos assuntos internos".
"O contacto entre nós prossegue, mas é difícil definir
uma agenda para a normalização dos laços" _ comentou Ye Xiaowen, falando ao jornal
oficial chinês "China Daily", citado pela agência de notícias católica Ecclesia.
Apesar
dessa abertura, ele reiterou a posição de que a normalização das relações entre os
dois Estados depende do corte de relações diplomáticas entre a Santa Sé e Taiwan,
e da aceitação, por parte da Santa Sé, do princípio de "não ingerência nos assuntos
internos chineses".
Vários contatos informais têm sido efetuados, desde que
Bento XVI acedeu à cátedra de Pedro, fazendo do estabelecimento de relações diplomáticas
com a China uma das suas prioridades.
Embora o Partido Comunista Chinês se
declare oficialmente ateu, a Constituição chinesa permite a existência de cinco Igrejas
oficiais (Associações Patrióticas), entre elas a Católica, que conta 5,2 milhões de
fiéis. A Igreja Católica "clandestina" conta mais de 8 milhões de fiéis, que são obrigados
a celebrar missas em segredo, nas suas casas, sob o risco de ser presos.
Após
o primeiro consistório do pontificado de Bento XVI, celebrado recentemente, no qual
foi criado Cardeal o Bispo de Hong Kong, Dom Joseph Zen Ze-kiun, o Secretário da Santa
Sé para as Relações com os Estados, Dom Giovanni Lajolo, disse que o Papa não recusaria
um convite para visitar a China se este lhe fosse feito.
Para Dom Lajolo, é
apenas uma questão de tempo até que o governo chinês acabe por aceitar que não é competência
do Estado o controle das consciências e das opções religiosas. (ED)