Há "princípios não negociáveis", quando se trata de proteger e promover a vida: adverte
o Papa, recebendo parlamentares europeus (PPE)
A “promoção da dignidade da pessoa humana”, nomeadamente a protecção da vida e da
estrutura natural da família são “princípios não negociáveis”, que aliás não são verdades
da fé pois estão inscritos na própria natureza humana: sublinhou com vigor Bento XVI,
recebendo, nesta quinta-feira, quinhentos parlamentares do Partido Popular Europeu,
que participam em Roma no seu XVII Congresso anual, desta vez sob o tema “O nosso
objectivo, a Tua Europa”. O Papa mencionou expressamente esses princípios fundamentais,
que requerem um consenso geral: “- a protecção da vida em todas as suas fases, do
primeiro momento da concepção até ao seu termo natural; - o reconhecimento e a protecção
da estrutura natural da família (união entre um homem e uma mulher, tendo como base
o matrimónio), defendendo-se das tentativas de tornar equivalentes formas radicalmente
diferentes de união que na prática contribuem para desestabilizar a família, obscurecendo
a sua insubstituível função social; - a protecção do direito dos pais a educar os
filhos”.
Referindo algumas das “complexas questões” que a Europa enfrenta
hoje-em-dia, Bento XVI falou, nomeadamente, do “crescimento e desenvolvimento da União
Europeia” e do “debate sobre o seu modelo social”. “Em ordem a obter estes objectivos,
será importante inspirara-se, em fidelidade criativa, no património cristão que tem
contribuído para forjar a identidade do Continente. Será considerando com apreço as
suas raízes cristãs que a Europa se tornará capaz de imprimir uma orientação segura
às opções dos seus cidadãos e populações, reforçando a sua consciência de pertencer
a uma civilização comum e alimentando o compromisso de todos em enfrentar os desafios
da hora presente a bem de um futuro melhor”.
Para tal, recorda o Papa, há
que “contribuir para derrotar uma cultura que se vai difundindo na Europa, relegando
para a esfera subjectiva e privada a manifestação das convicções religiosas de cada
um. As políticas que assentam nestas bases não só levam a repudiar a função pública
do Cristianismo, mas excluem também o empenho com a tradição religiosa da Europa,
que é bem clara, não obstante a diversidade de denominações”. Tais posições, adverte
Bento XVI, acabam por constituir uma “ameaça para a própria democracia, cujo vigor
depende dos valores que promove”. “Seria um sinal de imaturidade, se não de fraqueza,
decidir opor-se ou ignorar (a tradição religiosa da Europa), em vez de optar por dialogar
com ela. Neste contexto, há que reconhecer que certa intransigência secularista apresenta-se
como inimiga da tolerância e de uma sã visão secular do Estado e da sociedade”.