2006-03-27 16:09:08

Afeganistão cede no caso do cidadão convertido ao cristianismo: apelo do Papa baseado em "profunda compaixão humana".


O Supremo Tribunal afegão decidiu ontem suspender o processo do muçulmano convertido ao cristianismo, que arriscava uma pena de morte por isso. Após o apelo do Papa Bento XVI ao presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, surge agora a hipótese do arguido ser libertado por alegada “incapacidade mental”.

Segundo o porta-voz do Supremo Tribunal afegão, Wakil Omari, terão sido os familiares de Abdul Rahman, o acusado, a dizerem que “ele não tem todas as capacidades mentais”, que “é louco” e diz “ouvir vozes estranhas na cabeça”. De acordo com o mesmo responsável, o processo será remetido para o procurador-geral do Afeganistão para “uma investigação mais aprofundada”.

A Santa Sé divulgou este Domingo algumas passagens da carta que o Cardeal Angelo Sodano, Secretário de Estado do Vaticano, enviou em nome do Papa a Hamid Kazai. Na missiva, com data de 22 de Março, afirma-se que o apelo de Bento XVI em favor de Rahman é baseado numa “profunda compaixão humana”, na “firme convicção na dignidade da vida humana” e no “respeito pelo direito à liberdade de consciência e religião de cada pessoa”.

“Estou certo que deixar cair o caso contra Abdul Rahman traria uma grande honra ao povo afegão e levantaria um coro de admiração na comunidade internacional. Seria, por isso, um grande contributo para a nossa missão comum de fomentar o entendimento e o respeito entre as diferentes religiões e culturas do mundo”, refere a carta.

Abdul Rahman, 41 anos, foi detido há três semanas em Cabul porque, quando trabalhava no Paquistão, há 16 anos, abandonou o Islão e converteu-se ao cristianismo, um acto que é passível de pena de morte, segundo a ‘sharia’ (lei islâmica), que vigora no Afeganistão.

Durante o julgamento, Rahman admitiu ter-se convertido, enquanto trabalhava como ajudante médico com um grupo cristão que ajudava refugiados afegãos. O procurador, Abdul Wasi, afirmou ter oferecido retirar a acusação caso Rahman voltasse a converter-se ao Islão, mas ele recusou, sujeitando-se assim à pena de morte. O juiz do tribunal também descreveu a acção de Abdul Rahman como “um ataque contra o Islão”.








All the contents on this site are copyrighted ©.