O Ministro da Justiça português considera o"Tribunal Penal Internacional uma obra
de civilização"
“Num século de horrores”, o ministro da Justiça de Portugal falou
da importância de um tribunal internacional capaz de julgar crimes contra a humanidade,
quando não são julgados pelas jurisdições nacionais. Alberto Costa desvalorizou a
não ratificação pelos Estados Unidos. Aquele ministro considerou o Tribunal Penal
Internacional (TPI) como “uma verdadeira obra de civilização” no termo de “um século
de horrores” e desdramatizou a não ratificação pelos Estados Unidos do tratado que
institui o TPI. Alberto Costa falava aos jornalistas na abertura da Conferência Internacional
«O Tribunal Penal Internacional e a Transformação do Direito Internacional», a decorrer
até este sábado na Universidade Católica, em Lisboa.
Diante de uma plateia
formada, sobretudo, por jovens estudantes de Direito, Alberto Costa lembrou os horrores
de Hitler, Estaline, Pol Pot e Mao Tsé Tung em pleno século XX, apontando o TPI como
uma “Constituição Humana” que, indo muito além da Constituição Europeia ou americana,
assegura a defesa da humanidade contra os crimes e atrocidades. Questionado se o facto
de os Estados Unidos não reconhecerem o TPI não fragiliza e inviabiliza os desígnios
deste tribunal, o ministro respondeu que “não”, contrapondo que “a experiência tem
mostrado que é possível o TPI começar a actuar e a ocupar-se de casos como actualmente
já acontece em relação a atrocidades ocorridas no continente africano”.
A
recusa...
Os Estados Unidos recusaram-se a ratificar o TPI, temendo que
os seus militares venham a ser julgados pelos crimes que cometam em missões fora do
território nacional, ganhando esta questão actualidade com as intervenções no Afeganistão
e Iraque.
Alberto Costa sublinhou que Portugal já fez as alterações necessárias
para cooperar com o TPI, tendo promovido uma acção internacional “relevante” junto
dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa para que mais países ratifiquem
os Estatutos de Roma relativos ao TPI. Segundo o ministro, é “reconfortante” verificar
que o TPI está “apetrechado” e “preparado” para “enfrentar novas situações”, sendo
“muito importante” que haja um tribunal internacional capaz de julgar crimes contra
a humanidade, quando tais casos não são julgados pelas jurisdições nacionais. O efeito
preventivo do TPI foi também apontado por Alberto Costa, pois “houve quem dissesse
que o TPI era uma espécie de carro muito potente que não precisava de sair da garagem
para ter uma grande influência sobre as práticas [governativas] à escala global”,
observou. A organização da conferência coube à Universidade Católica Portuguesa em
colaboração com a Procuradoria-Geral da República.