Representantes dos episcopados católicos da União Europeia estão reunidos desde ontem,
em Bruxelas, para analisar o reforço do diálogo inter-cultural e entre religiões na
Europa.
A assembleia plenária dos Bispo da COMECE, comissão dos episcopados
da União Europeia, pretende oferecer uma “resposta ao lamentável mal-entendido entre
a Europa e o mundo muçulmano após a publicação das caricaturas do profeta Maomé”,
refere um comunicado do organismo católico.
A assembleia decorre de 22 a 24
de Março, em Bruxelas, contando com a contribuição de especialistas europeus em assuntos
do Médio Oriente e em política externa da UE. Joachim Fritz-Vannahme, jornalista do
quotidiano alemão “Die Zeit”, irá apresentar aos prelados a pesrpectiva dos media
sobre a publicação das caricaturas.
A COMECE irá analisar as consequências
socio-políticas desta polémica, tendo em vista a adopção de um plano de acção que
reforce o diálogo inter-cultural e inter-religioso na Europa. Esse plano será apresentado
à presidência austríaca da UE.
Os Bispos irão ainda aprovar uma declaração,
a ser publicada no próximo mês de Maio, como forma de contribuir para “o período de
reflexão sobre o futuro da União Europeia”.
Europa e Religião
O
plenário coincide com o final de mandato de D. Josef Homeyer, que durante 13 anos
esteve na presidência da COMECE. Para assinalar este percurso, foi organizada uma
conferência intitulada “A Religião e a Política na Europa”.
O Arcebispo Michael
Fitzgerald, antigo presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso
e Núncio Apostólico no Egipto, disse neste encontro que “a Europa é chamada a enfrentar
sempre novos cenários”; pelo que aprofundar as questões ligadas às suas raízes”.
Sobre
a pergunta se as religiões constituem uma ameaça nesta fase da história da Europa,
D. Fitzgerald destacou que “o papel dos crentes é essencial, bem como o da liberdade
religiosa, que deve ser uma salvaguarda para todos”.
Tadeusz Mazowiecki, antigo
primeiro-ministro da Polónia, defendeu, por outro lado, que a Europa “é um conceito
bem mais vasto do que um conceito geográfico, é uma história, uma civilização”.
Falando
sobre o significado das Igrejas para uma identidade europeia, Mazowiecki pediu que
se reconsiderasse o preâmbulo do Tratado Constitucional Europeu, “citando as raízes
cristãs do continente juntamente com as outras heranças histórico-culturais”.