BISPOS NIGERIANOS EXORTAM PRESIDENTE E GOVERNO A RESPEITAR AS EXPECTATIVAS DOS CIDADÃOS
Abuja, 15 mar (RV) - "A Igreja na Nigéria: mantendo viva a esperança": eis
o título escolhido pelos bispos da Nigéria, para uma nota publicada recentemente,
na qual denunciam os graves problemas sociopolíticos no país.
Em primeiro plano,
aparece a preocupação pela possível modificação da Constituição, com o intuito de
permitir que o Presidente Olusegun Obasanjo possa candidatar-se para um terceiro mandato
consecutivo.
"Seja qual for o resultado do debate", os bispos desejam "eleições
livres e honestas". As eleições legislativas e presidenciais estão programadas para
2007.
"Se o terceiro mandato vier a se tornar legal através de uma revisão
constitucional _ observam os bispos _ os que estão no poder deveriam perguntar se
é ético mudar as regras, em vantagem própria, na metade do jogo". Que "essa emenda"
seja, portanto, "uma decisão honesta dos nigerianos e não o resultado de uma manipulação
em favor da permanência no cargo contra a vontade do povo", auguram os prelados.
Os
bispos não esquecem as dramáticas urgências da população, que tem "uma necessidade
desesperada de energia elétrica, de água potável e de estradas melhores". Os bispos
acusam ainda, "a insegurança da vida e da propriedade", que "faz o povo viver no medo
e afugenta os visitantes, os investidores e os turistas".
Na nota, os bispos
fazem referência ainda, à crise no delta do Níger, atribuindo-a à "injustiça social
que perdura numa região que tanto contribui" para a economia da Nação.
Por
fim, os bispos recordam o doloroso capítulo sobre os conflitos recentes em várias
partes do país, após a publicação, no Ocidente, das caricaturas blasfemas sobre Maomé.
Os bispos nigerianos condenam "a destruição de vidas e propriedades em nome da religião",
denunciando que "a falência da segurança para proteger vidas e propriedades, é a falência
do governo".
Na nota, os bispos convidam os cristãos da Nigéria a dois dias
de oração _ 27 e 28 de março _ para recordar as vítimas dos últimos conflitos. (MZ)