2006-03-09 19:40:03

PRESIDENTE DO PONTIFÍCIO CONSELHO "DA JUSTIÇA E DA PAZ" DEFENDE ENSINO DO ALCORÃO NAS ESCOLAS PÚBLICAS ITALIANAS


Roma, 09 mar (RV) - O Alcorão pode ser ensinado nas escolas, quando houver um número elevado de crianças muçulmanas. Trata-se de uma forma de "respeito para com o ser humano", que vem do Evangelho, e que não precisa esperar que haja uma resposta de "reciprocidade" em favor dos cristãos que vivem nos países islâmicos.

Foi o que disse o Cardeal Renato Raffaele Martino, Presidente do Pontifício Conselho "da Justiça e da Paz", à margem do simpósio internacional "Os caminhos da paz", em curso em Roma, até o próximo sábado.

O simpósio é promovido pelo referido organismo vaticano em colaboração com o Centro Cultural "Saint-Louis de France" e com o Instituto Internacional "Jacques Maritain".

"Se numa escola, há crianças de religião muçulmana, não vejo porque não se possa ensinar a sua religião", observou o purpurado, para quem o "respeito não deve ser seletivo".

"Se esperamos a reciprocidade nos países onde há cristãos, então devemos nos colocar no mesmo nível daqueles que negam essa possibilidade" _ disse o Cardeal Martino.

Com essas palavras, o Cardeal manifestou a aprovação da Santa Sé è proposta apresentada pela Consulta Islâmica, de introduzir nas escolas públicas italianas, o ensino do Alcorão.


O Cardeal Martino exortou a Itália a não se omitir diante dessa solicitação, salientando que, se há pessoas de outra religião na realidade italiana, é preciso respeitá-las na sua identidade cultural e religiosa.

"A Europa e a Itália _ ressaltou o Cardeal _ alcançaram níveis de democracia e de respeito pelo outro, que não lhes permite dar marcha a ré."

Para o Presidente do "Justiça e Paz" somente "o diálogo e a liberdade religiosa podem evitar o fundamentalismo, seja ele político-laico, seja ele religioso. "Todas as religiões são de paz e podem ser o instrumento para se alcançar uma coexistência e uma colaboração, onde isso for possível, por exemplo, no plano social" _ disse o Cardeal.

Na era da globalização _ explicou o Cardeal Martino _ as guerras e os conflitos, que antes eram circunscritos e unitários, tornaram-se sempre mais difusos, fragmentados, próximos, diários e imateriais.

Ao mesmo tempo, porém _ acrescentou o purpurado _ a globalização permitiu multiplicar os agentes da paz e as possibilidades de intervenção. Portanto, é necessário, segundo o Presidente do "Justiça e Paz", adquirir uma mentalidade preventiva e valorizar as diversidades através do diálogo. (RL)







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