PRESIDENTE DO PONTIFÍCIO CONSELHO "DA JUSTIÇA E DA PAZ" DEFENDE ENSINO DO ALCORÃO
NAS ESCOLAS PÚBLICAS ITALIANAS
Roma, 09 mar (RV) - O Alcorão pode ser ensinado nas escolas, quando houver
um número elevado de crianças muçulmanas. Trata-se de uma forma de "respeito para
com o ser humano", que vem do Evangelho, e que não precisa esperar que haja uma resposta
de "reciprocidade" em favor dos cristãos que vivem nos países islâmicos.
Foi
o que disse o Cardeal Renato Raffaele Martino, Presidente do Pontifício Conselho "da
Justiça e da Paz", à margem do simpósio internacional "Os caminhos da paz", em curso
em Roma, até o próximo sábado.
O simpósio é promovido pelo referido organismo
vaticano em colaboração com o Centro Cultural "Saint-Louis de France" e com o Instituto
Internacional "Jacques Maritain".
"Se numa escola, há crianças de religião
muçulmana, não vejo porque não se possa ensinar a sua religião", observou o purpurado,
para quem o "respeito não deve ser seletivo".
"Se esperamos a reciprocidade
nos países onde há cristãos, então devemos nos colocar no mesmo nível daqueles que
negam essa possibilidade" _ disse o Cardeal Martino.
Com essas palavras, o
Cardeal manifestou a aprovação da Santa Sé è proposta apresentada pela Consulta Islâmica,
de introduzir nas escolas públicas italianas, o ensino do Alcorão.
O Cardeal
Martino exortou a Itália a não se omitir diante dessa solicitação, salientando que,
se há pessoas de outra religião na realidade italiana, é preciso respeitá-las na sua
identidade cultural e religiosa.
"A Europa e a Itália _ ressaltou o Cardeal
_ alcançaram níveis de democracia e de respeito pelo outro, que não lhes permite dar
marcha a ré."
Para o Presidente do "Justiça e Paz" somente "o diálogo e a
liberdade religiosa podem evitar o fundamentalismo, seja ele político-laico, seja
ele religioso. "Todas as religiões são de paz e podem ser o instrumento para se alcançar
uma coexistência e uma colaboração, onde isso for possível, por exemplo, no plano
social" _ disse o Cardeal.
Na era da globalização _ explicou o Cardeal Martino
_ as guerras e os conflitos, que antes eram circunscritos e unitários, tornaram-se
sempre mais difusos, fragmentados, próximos, diários e imateriais.
Ao mesmo
tempo, porém _ acrescentou o purpurado _ a globalização permitiu multiplicar os agentes
da paz e as possibilidades de intervenção. Portanto, é necessário, segundo o Presidente
do "Justiça e Paz", adquirir uma mentalidade preventiva e valorizar as diversidades
através do diálogo. (RL)