Igreja alerta para os riscos de instabilidade na Republica Democrática do Congo
A Conferência Episcopal da República Democrática do Congo (RDC) lançou um apelo para
“negociar bem a viragem” que representam as eleições de 2006. Os prelados católicos
esperam que esse momento seja aproveitado para “a instauração de um verdadeiro Estado
de Direito”.
Em comunicado os Bispos sublinham a persistência de situações
políticas, sociais e de segurança “preocupantes”, pedindo os governantes que apostem
na consolidação dos aspectos positivos da transição política iniciada em 2003 na RDC,
após anos de guerra civil.
O conflito congolês é considerado como uma espécie
de I Guerra Mundial africana, tendo provocado mais de 3 milhões de mortos.
“Após
45 anos de confrontos (...) o povo congolês espera que, com as eleições que se aproximam,
se possa chegar, no final de 2006, à instauração de um verdadeiro Estado de Direito”,
afirma a Conferência Episcopal local.
Nesse sentido, o comunicado deixa votos
de que “todos os partidos políticos sejam integrados efectivamente no processo eleitoral,
para que ninguém possa sabotar as eleições nem faltar a este grande encontro da nossa
história”.
A Igreja denuncia o “exacerbar” das clivagens étnicas e apela aos
partidos políticos para que se abstenham de “qualquer forma de violência”. Aos 25,6
milhões de eleitores é pedido que acorram “em massa” ao acto eleitoral.
Há
pouco menos de um mês, Bento XVI manifestou a sua preocupação pelo conflito na RDC,
que se arrasta há várias décadas. Recebendo no Vaticano os Bispos católicos desse
país africano, o Papa apelou à mobilização de todos os congoleses para “a paz e a
reconciliação”.
O discurso papal insistiu, particularmente, no tema da paz,
lembrando “os conflitos do passado e os focos de insegurança que perduram”, tendo
deixa “profundas feridas na população”.
A República Democrática do Congo (ex-Zaire)
é independente desde 1960, tendo atravessado uma séria de golpes de Estado e Guerras
civis, que fazem do país o a região africana com mais mortos na sequência de conflitos
armados.
A 18 de Dezembro de 2005 foi realizado o referendo sobre a nova Constituição,
amplamente aprovada. As próximas eleições estão previstas para Junho de 2006.