Papa admite possibilidade de dar mais espaço e responsabilidade ás mulheres na Igreja
Bento XVI admitiu a necessidade de “perguntar-se” se no serviço ministerial da Igreja
não será possível “oferecer mais espaço e mais posições de responsabilidade às mulheres”.
A
Santa Sé publicou na edição diária de L’Osservatore Romano com data 4 de Março a
longa intervenção de Bento XVI, que durante duas horas esteve em conversa quinta feira
com os párocos da Diocese de Roma, respondendo a várias perguntas. O somatório das
respostas resultou numa das mais extensas intervenções papais destes meses de pontificado,
abordando matérias diversas, como os pontificados do século XX, o ecumenismo, a defesa
da vida, a pastoral da família, os jovens e a formação dos novos sacerdotes, entre
muitos outros.
Respondendo a uma questão levantada por um jovem padre, o Papa
abordou a questão da ordenação sacerdotal das mulheres, reiterando que “o ministério
sacerdotal do Senhor é, como sabemos, reservado aos homens”. Este é, para Bento XVI,
o “ponto decisivo” de qualquer discussão sobre a matéria.
“Todavia – observou
– é justo perguntar-se se, no serviço ministerial, apesar do facto de o Sacramento
e o carisma serem o único binário em que se realiza a Igreja, não se poderá oferecer
mais espaço, mais posições de responsabilidade às mulheres”.
Bento XVI falou
da “dívida de gratidão” que a Igreja tem para com as mulheres e citou os exemplos
de Madre Teresa de Calcutá, Santa Catarina, Santa Brígida e Santa Ildegarda, que contribuíram
de modo extraordinário para a vida eclesial. Já na visita de 5 de Fevereiro à paróquia
de Santa Ana, o Papa agradeceu às mulheres, "alma da família e da paróquia" e "primeiras
portadoras da palavra de Deus no Evangelho".
Em 2004, a Congregação para a
Doutrina da Fé, presidida pelo então Cardeal Joseph Ratiznger, escreveu uma Carta
aos Bispos da Igreja Católica sobre a colaboração do homem e da mulher na Igreja e
no mundo. No texto referia-se que “as mulheres desempenham um papel de máxima importância
na vida eclesial” e recordava-se “o facto de a ordenação sacerdotal ser exclusivamente
reservada aos homens (dado reafirmado pelo Papa João Paulo II na Carta apostólica
Ordinatio sacerdotalis de 22 de Maio de 1994, ndr)”, considerando que isso “não impede
as mulheres de terem acesso ao coração da vida cristã”.