EM 1945, O VATICANO QUERIA UMA ESPANHA SEM O GENERALÍSSIMO FRANCO
Urbino, 21 fev (RV) - Durante os últimos tempos da II Guerra Mundial, a Santa
Sé era favorável a uma mudança, rumo à democratização do regime espanhol, e desejava
uma "transformação radical" do governo guiado pelo ditador Francisco Franco.
É
o que emerge de alguns documentos inéditos do OSS (Office of Strategic Services) _
o serviço secreto norte-americano que precedeu a CIA _ datados do fim de 1944-início
de 1945, descobertos pelo Prof. Matteo Luigi Napolitano, professor de História de
Relações Internacionais, da Faculdade de Ciências Políticas da Universidade de Urbino.
No
final de 1944, Franco havia pedido à Santa Sé que instruísse o clero e o episcopado
espanhol (com os quais, por vezes, as relações foram muito tensas) no sentido de favorecer
o seu regime e, como diz um documento do serviço secreto norte-americano, "contra
a democratização e a bolchevização" da Espanha.
Os governos democráticos e,
em particular, o inglês, estavam ansiosos por saber qual era a posição de Pio XII
a esse respeito. A Santa Sé deu instruções a esse respeito, ao Delegado Apostólico
em Londres, Dom William Godfrey, para que explicasse àquele governo, que "a Igreja
considerava este caso como algo que dizia respeito somente ao povo espanhol, com quem
mantinha uma política à parte (aloofness)".
Nenhum fechamento a um eventual
novo regime espanhol, pois "a Igreja teria dito ao clero que se opunha apenas a um
regime que contrastasse com a manutenção das atuais relações entre Igreja e Estado
na Espanha", como se lê no Despacho nº 441, expedido pela estação do OSS (o então
serviço secreto norte-americano) de Caserta à central de Washington, em 28 de dezembro
de 1944. (MZ)