Em Portugal semana social 2006 em destaque: a Igreja procura respostas para meio milhão
de desempregados
Em Portugal o presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família (CELF), D. António
Carrilho, espera que as Semanas Sociais deste ano, dedicadas ao tema “Uma Sociedade
Criadora de Emprego” sejam uma resposta ao facto de existirem quase 500 mil desempregados
no país.
Em entrevista ao Diário do Minho, o prelado recorda que as edições
anteriores tiveram “um bom impacto, se não em todas as Dioceses, em muitas delas”.
Para o Bispo Auxiliar do Porto são factores de sucesso “o método seguido”, o “trabalho
das comissões diocesanas”, “a escolha do tema”, “a dinamização do debate prévio” e
o “recrutamento dos participantes”.
As Semanas Sociais, que se realizam de
9 a 12 de Março, em Braga, estão subordinadas a uma problemática que, segundo o presidente
da CELF, “alude a uma verdadeira ‘emergência’ nacional, perante os números que acabam
de ser divulgados pelo INE: quase 500 mil desempregados, o número mais elevado desde
há 20 anos e com tendência para aumentar”.
“Há que congregar aqueles que maiores
responsabilidades têm na definição de orientações e políticas sociais, os técnicos
e estudiosos destas matérias, os que têm desenvolvido experiências significativas,
que possam ser partilhadas – há que congregar todas estas pessoas e com elas promover
um debate sério e aberto, sem preconceitos nem interesses que não sejam uma justa
evolução da sociedade na perspectiva do bem comum”, aponta o prelado.
Para
D. António Carrilho, o problema do emprego/desemprego “não é uma questão pontual:
tem a ver com o modelo de sociedade que temos e a forma de integrar e relacionar os
agentes económicos, tendo em atenção a dignidade humana, do homem e da mulher, e o
valor da família, como célula base da Sociedade”. “Em todos estes domínios a Igreja
aponta princípios e apresenta projectos, capazes de mobilizar e comprometer o Laicado”,
assinala.
O presidente do CELF espera que, no final do evento, seja possível
“assegurar uma eficaz articulação entre todos [os organismos católicos], no respeito
institucional e pastoral de cada organismo, mas de modo a conjugar esforços, evitar
duplicações, abrir espaços para a inovação e a criatividade, assegurar uma reflexão
e compromisso conjunto sobre temas de interesse comum”.
“Gostaria, por outro
lado, que esta Semana Social tivesse impacto e consequências práticas na vida nacional,
que se abrissem perspectivas e encontrassem propostas, no quadro da Doutrina Social
da Igreja, para se criar uma dinâmica de ‘Sociedade criadora de emprego’. Aponta bem
nesse sentido a qualidade e a competência do vasto elenco de oradores e moderadores
de debates, pessoas públicas de diversos quadrantes e experiências”, destaca D. António
Carrilho, que alude à presença de convidados como Jacques Delors e o Cardeal Renato
Martino, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz.