Bento XVI aos jesuitas da revista Civiltà Cattolica: dialogar com a cultura de hoje
sem cedências ao relativismo
Os católicos não devem fechar-se numa torre de marfim mas abrir-se ao diálogo com
todos, embora mantendo a sua identidade. O pedido foi feito por Bento XVI aos jesuítas
da Revista Civiltà Cattolica recebidos em audiência com o Preposito Geral da Companhia
de Jesus, Padre Peter Hans Kolvenbach. Enquanto se vai afirmando cada vez mais uma
cultura caracterizada pelo relativismo individualista e pelo cientismo positivista,
portanto uma cultura tendencialmente fechada a Deus e á sua lei moral, embora nem
sempre previamente contra o cristianismo, é grande – explicou o Papa - o esforço que
os católicos são chamados a fazer para desenvolver o dialogo com a cultura de hoje
e abri-la aos valores perenes da Transcendência. Segundo Bento XVI é neste âmbito
que se coloca a missão de uma revista de cultura como a “Civiltà Cattolica” que deve
participar no debate cultural contemporâneo, para propor de maneira seria e ao mesmo
tempo divulgativa, as verdade da fé cristã de uma maneira clara e ao mesmo tempo fiel
ao Magistério da Igreja, e para defender sem espírito polémico a verdade, ás vezes
deformada também através de acusações sem fundamento, á comunidade eclesial”. Como
farol no caminho que a Civiltà Cattolica é chamada a percorrer - prosseguiu o Papa
dirigindo-se aos jesuítas da revista - indico o Concilio Vaticano II. As riquezas
doutrinais e pastorais que ele contêm – e sobretudo a inspiração de fundo – ainda
não foram assimiladas plenamente pela comunidade cristã embora tenham passado 40 anos
após a sua conclusão. Na análise de Bento XVI o Vaticano II deu á Igreja um
impulso capaz de a renovar e colocar na disposição de responder de maneira adequada
aos problemas novos que a cultura contemporânea coloca aos homens e mulheres do nosso
tempo. Portanto o Concilio, juntamente com os numerosos documentos doutrinais e
pastorais que a Santa Sé e as Conferências Episcopais de muitas nações publicaram
sobre problemas que surgiram recentemente, representa uma fonte sempre viva da qual
a Civiltà Cattolica se pode servir no seu trabalho. Trata-se de divulgar e apoiar
a acção da Igreja em todos os campos da sua missão - concluiu o Papa – sublinhando
em particular o empenho que a redacção deve assumir na difusão da Doutrina Social
da Igreja, um dos temas que durante os seus 155 anos de vida ela tratou mais amplamente.