Cidade do Vaticano, 10 fev (RV) - Bento XVI recebeu em audiência esta manhã,
na Sala Clementina, no Vaticano, os 98 participantes da assembléia plenária da Congregação
para a Doutrina da Fé.
Em seu discurso, o Papa lembrou seus vinte anos à frente
da Congregação, que tem a tarefa de promover e tutelar a doutrina da fé e os costumes
em toda a Igreja Católica.
Na vida da Igreja, afirmou o Pontífice, a fé tem
uma importância fundamental, porque fundamental é o dom que Deus faz de si mesmo na
Revelação, e esta autodoação de Deus é acolhida na fé.
Nesse sentido, a Congregação
para a Doutrina da Fé é chamada a favorecer a centralidade da fé católica. Quando
essa centralidade é ignorada, o tecido da vida eclesial perde sua original vivacidade
e se deteriora, decaindo num ativismo estéril. A fé _ recordou o Papa _ tem seu eixo
em Jesus Cristo: "Jesus Cristo é a Verdade feita Pessoa, que chama o mundo a si. A
luz irradiada por Jesus é esplendor da verdade. Qualquer outra verdade é um fragmento
da Verdade que Ele é. Jesus, afirma o Papa, é a estrela polar da liberdade humana.
Sem o conhecimento da verdade, a liberdade se isola e se reduz a um estéril arbítrio.
Por
isso, Jesus doa ao homem a plena familiaridade com a verdade, e o convida continuamente
a viver nela. O amor pela verdade consegue impulsionar a inteligência humana rumo
a horizontes inexplorados. Jesus Cristo atrai a si o coração de cada homem, o dilata
e o enche de alegria. Essa alegria alarga as dimensões da alma humana, aliviando-a
das angústias do egoísmo e tornando-a capaz de amor autêntico.
A Igreja acolhe
com alegria as autênticas conquistas do conhecimento humano e reconhece que a evangelização
requer que se assumam os desafios que o saber moderno apresenta. Na realidade, os
grandes progressos do saber científico ajudaram a compreender melhor o mistério da
criação, marcando profundamente a consciência de todos os povos.
Todavia,
afirma Bento XVI, os progressos da ciência foram, às vezes, tão rápidos, que as verdades
reveladas por Deus sobre o homem e sobre o mundo pareciam incompatíveis. Isso provocou
certa confusão nos fiéis e constituiu uma dificuldade para a proclamação e a recepção
do Evangelho.
Por isso, observou, é importante aprofundar o conhecimento das
verdades descobertas pela razão. E não devemos ter nenhum temor de enfrentar esse
desafio: de fato, Jesus Cristo é o Senhor de toda a criação e de toda a história.
Nesse sentido, acrescentou o Papa, um sério esforço evangelizador não pode
ignorar as interrogações que se apresentam, inclusive em relação às atuais descobertas
científicas e instâncias filosóficas.
Assim sendo, afirmou Bento XVI, o serviço
da Congregação para a Doutrina da Fé é um serviço à plenitude da fé, à verdade, e
à alegria que provêm do profundo do coração.
Desse ponto de vista, o ministério
doutrinal pode ser definido pastoral, porque é um serviço à plena difusão da luz de
Deus no mundo. "Que a luz da fé possa ser a estrela que os guia e os ajude a dirigir
o coração dos homens a Cristo" _ concluiu o Pontífice. (BF)