A polémica das caricaturas de Maomé, comentadas de novo pelo "Osservatore Romano"
;pergunta: progresso da liberdade ou recuo da civilização?
O diário, "L´Osservatore Romano", volta a abordar na sua edição de hoje a polémica
das caricaturas de Maomé, num artigo intitulado “Progresso da liberdade ou recuo da
civilização?”.
Começando por lamentar o assassinato de um padre católico na
Turquia, o jornalista deixa no ar algumas perguntas: “É lícito, em nome da liberdade
de pensamento, ferir os sentimentos religiosos dos que pertencem a uma determinada
confissão? Onde acaba o direito de expressão e onde começa a ofensa às convicções
interiores? Qual é o limite entre a sátira e a ofensa, entre a ironia e a blasfémia?”.
O
diário do Vaticano cita Bento XVI para recordar que usar a liberdade contra Deus não
eleva o homem, mas “prejudica-o e humilha-o”. Segundo o jornal, a tão apregoada laicidade
da sociedade moderna deveria ter como raiz “a compreensão e o respeito pelas convicções
dos outros”.
“Que tipo de progresso social pode haver quando se desrespeitam
os símbolos da Fé, qualquer que seja a religião a que se pertence?”, pergunta "L´Osservatore
Romano".
Comentando o apregoado “direito de fazer caricaturas de Deus”, o
jornal lembra que “o direito de manifestar o pensamento e o direito de professar livremente
uma religião entram, a título pleno, no núcleo dos direitos humanos fundamentais”.
“Qualquer
manifestação genuína do primeiro direito (liberdade de pensamento) encontra na plena
e integral realização do segundo (liberdade religiosa) um limite, por assim dizer,
natural”, assinala o texto.
O Vaticano assegura que nenhuma Igreja ou Confissão
religiosa está imune à crítica, mas defende que “podem exigir o respeito, quando estão
em jogo a verdade e a dignidade de uma experiência como a religiosa, que pertence
à dimensão mais íntima e fundante da pessoa humana”.