CRISE NA IGREJA ANGOLANA PROSSEGUE: BISPO ACUSADO DE "LIMPEZA ÉTNICA" EM CABINDA
Luanda, 02 fev (RV) - A crise da Igreja Católica em Cabinda, Angola, agravou-se
subitamente com as novas medidas tomadas pelo Administrador Apostólico da Diocese,
Dom Eugênio Dal Corso, que foi acusado de estar efetuando uma "limpeza étnica".
Num
momento em que Cabinda está sob forte controle policial, em conseqüência da interdição
da comemoração dos 121 anos do Tratado de Simulambuco, e com o forte cerco policial
em torno das casas de P. Jorge Casimiro Congo e P. Raul Tati, Dom Eugênio Dal Corso
decidiu prosseguir com a aplicação de medidas radicais, visando a imposição do novo
Bispo de Cabinda, Dom Filomeno Vieira Dias.
Segundo observadores locais, a
ação do Bispo de Saurino e Administrador Apostólico de Cabinda visa "esvaziar Cabinda
do clero local, substituindo-o por padres favoráveis à chegada de Dom Filomeno Vieira
Dias". Nesse contexto, Dom Dal Corso fechou os seminários propedêuticos e de filosofia
e afastou alguns padres de suas atividades pastorais. Em seu lugar foram colocados
outros padres, vindos de fora.
Algumas fontes garantiram que "a purificação
étnica que Dom Dal Corso pretende fazer no clero de Cabinda atingiu proporções dramáticas
e que poderá originar reações pouco católicas, por parte da população". Garantiram
também que o Administrador Apostólico teria pedido a Dom Paulino Madeca, Bispo emérito
de Cabinda, para informar a população sobre as "mudanças". Dom Madeca teria respondido
negativamente a tal pedido.
De acordo com as mesmas fontes, Dom Dal Corso terá
já ameaçado "acabar com a Diocese de Cabinda, caso o povo não aceitasse o Bispo nomeado",
criando uma situação que tem provocado a reação de vários membros do clero, que acusam
o prelado de "abuso de poder" e de "desrespeitar completamente o Direito Canônico".
Cerca
de um ano após Dom Filomeno Vieira Dias ter sido indicado para a Diocese de Cabinda,
o Bispo ainda não se transferiu para sua sede, em virtude da forte contestação provocada
por sua nomeação. Numerosos fiéis têm abandonado a Igreja Católica, sendo rapidamente
"acolhidos em perigosas seitas que florescem em Cabinda". (MZ)