Roma, 26 jan (RV) - A justiça italiana foi chamada _ e deve se pronunciar nesta
sexta-feira, dia 27 _ a decidir sobre a existência de Cristo. O processo foi movido
pelo ateu convicto, Luigi Cascioli, de 72 anos, contra P. Enrico Righi. Luigi acusa
o sacerdote de ter "abusado da crença popular", ao apresentar Jesus como um personagem
histórico.
O autor da ação penal faz do processo contra P. Righi uma tribuna
para divulgar suas teses.
O caso começou no dia 11 de setembro de 2002, quando
ele apresentou uma queixa contra o sacerdote, acusando-o de ter abusado da crença
popular ao afirmar, em seu boletim paroquial, que Jesus existiu. Luigi Cascioli criou
um site na internet, no qual noticia, passo a passo, o andamento do processo.
"Com
esta queixa, não quero impedir que os cristãos professem sua fé, garantida pelo artigo
19 da Constituição italiana, mas quero protestar contra o abuso cometido pela Igreja
Católica que, aproveitando-se de seu prestígio, apresenta como reais e históricos,
fatos que não passam de invenções" _ afirma ele.
Luigi recorre ao artigo 661
do Código Penal italiano, que pune por "abuso da crença popular" as pessoas que, através
de imposturas, enganam uma multidão.
Numa carta aberta endereçada ao Cardeal-arcebispo
de Bolonha, Giacomo Biffi, Cascioli assegura que "está pronto a retirar sua queixa,
se lhe for apresentada uma prova histórica da existência de Jesus lhe". O processo
terá início a menos de 80 dias das eleições legislativas na Itália e em meio às acusações
de ingerência, apresentadas contra a Igreja Católica, pelos partidos da esquerda radical
italiana.
Nove meses depois de sua eleição como Sucessor de Pedro e no momento
em que a existência de Cristo está sendo questionada judicialmente, Bento XVI divulga
a primeira encíclica de seu pontificado _ "Deus caritas est" _ um texto doutrinário
sobre o conceito do amor e da caridade cristã. (MZ)