Governo angolano de novo acusado de violação dos direitos e liberdades dos cidadãos
De acordo com mais um relatório da prestigiada ONG Human Rights Watch ,divulgado
nos dias passados, continuam, em Angola, as violações dos direitos de liberdade de
expressão, associação e reunião dos cidadãos, além de que falta muito para a realização
de eleições livres e justas. Segundo o documento, «apesar de uma importante legislação
eleitoral ter sido aprovada na Assembleia Nacional (de Angola), ainda há muito por
fazer para se criar um ambiente propício à realização de eleições livres e justas
e dar a conhecer os direitos políticos e civis aos angolanos». Jornal de Angola,
Rádio Ecclesia O relatório afirma também que o «Governo continua a violar
os direitos dos angolanos de liberdade de expressão, associação e reunião». Exemplifica:
«Em Abril, o ministro da Informação avisou os jornalistas do diário estatal Jornal
de Angola para não criticarem o Governo e não darem muito espaço à oposição». Na mesma
ordem de ideias, sublinha que a Rádio Ecclesia, privada católica, continua a ter problemas
de emissão para fora de Luanda. Cabinda O documento denuncia ainda
que em Julho do ano passado, o Governo da província de Cabinda recusou, sem qualquer
explicação, a mediação de várias organização não-governamentais para pôr termo ao
conflito no enclave. Segundo a HRW, apesar do Governo dizer repetidamente que o conflito
armado contra a Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) terminou, continua
a manter uma forte presença militar na região, a mais rica do país em petróleo. A
organização refere que continuam a ser denunciados abusos militares na região, incluindo
o assassínio em Abril de uma criança de três anos e sequestro e tortura de membros
simpatizantes do Mpalabanda, uma organização humanitária local. «Questionado para
comentar os actos de indisciplina cometidos pelos soldados, o general Marques Banza
admitiu que existem casos isolados e que são punidos», adianta o documento. Lucros
provenientes da produção petrolífera O Governo angolano é também acusado de
«falta de transparência» na gestão dos lucros provenientes da produção petrolífera,
o que está a provocar a relutância na comunidade internacional em providenciar ajuda
humanitária ao país. Aliás, acrescenta o documento, a pressão internacional para
Angola cumprir os direitos humanos e de transparência financeira não foi muita efectiva.
O elevado crédito bancário garantido pelo Governo chinês permitiu «ao partido no poder
em Angola rejeitar os pedidos para uma maior transparência». Relatório por
esquecer Na reacção, o MPLA diz que o relatório é falso. O seu secretário
para a informação, Norberto dos Santos Kuata Kanawa, sustentou que as alegações de
falta de liberdade de expressão em Angola nada têm a ver com a realidade actual do
país e que a HRW se devia documentar melhor. «São das tais coisas que são feitas
para manchar todos os esforços que se faz no nosso país. Portanto, para o MPLA, é
um relatório para esquecer uma vez que não corresponde aquilo que se passa realmente
aqui», completou o porta-voz do partido governamental, falando à Ecclesia a partir
de Benguela Rematou, salientado que o país tem um programa em processo de implementação
e «é isso que nós vamos fazer. É isso em que os angolanos vão acreditar». A cronica
de Mauricio Camuto da Rádio Ecclesia: