Santa Sé preocupada com situação na Republica do Montenegro
A Santa Sé, e o Papa em especial, estão a acompanhar com especial atenção o processo
que levará, no próximo mês de Abril, à realização de um referendo sobre a independência
da República do Montenegro, actualmente unida a Belgrado na Sérvia-Montenegro, antiga
Jugoslávia.
Filip Vujanović, presidente do Montenegro, foi ontem recebido no
Vaticano pelo Papa e pelo Cardeal Angelo Sodano, Secretário de Estado, num encontro
privado. Em declarações aos jornalistas, Vujanovic assegurou que a Santa Sé apoia
as “aspirações legítimas e democráticas” do seu povo, mas que irá adoptar a mesma
posição que a UE sobre esta matéria.
Entre os países da UE existe o receio
de que a tensão regresse aos Balcãs no caso de uma declaração de independência do
Kosovo e já fez saber que a eventual dissolução da Sérvia-Montenegro colocaria em
risco a sua integração nas instituições euro-atlânticas.
Vujanovic, que foi
acompanhado pelo embaixador da Sérvia-Montenegro na sua visita ao Vaticano, assegurou
ao Papa que as relações entre católicos e ortodoxos são “excelentes” na sua pequena
República, convidando Bento XVI a visitar o Montenegro.
As reservas da diplomacia
da Santa Sé, contudo, compreendem-se à luz dos acontecimentos de 1992: no dia 13 de
Janeiro desse ano, o jornal “L’Osservatore Romano” apresentava como título “A Eslovénia
e a Croácia acolhidas entre as Nações livres da Europa!”, antecipando-se ao reconhecimento
oficial da então CEE. Essa antecipação simbólica foi muito reprovada, em especial
pelos ortodoxos sérvios.