"Guerra do gaz" entre Russia e Ucrânia afecta paises da UE: preocupação da Comissão
Europeia.
A Rússia começou ontem a reduzir a pressão no gasoduto que fornece gás natural à Ucrânia,
depois de o Governo de Kiev ter recusado, uma vez mais, o novo preço, que quase quintuplica
em relação ao anterior. Em Bruxelas, a Comissão Europeia (CE) convocou para quarta-feira
uma reunião do grupo de coordenação do gás, para analisar a situação e suas consequências
Alguns
países da UE são muito dependentes do gás russo. A Alemanha, por exemplo, recebe 30
por cento dos seus abastecimentos através da Ucrânia.
A já designada "guerra
do gás" está a ser acompanhado de acusações das duas partes No último dia do ano,
o Presidente russo, Vladimir Putin, propôs à Ucrânia o fornecimento de gás a preços
de 2005, desde o primeiro dia de 2006 e durante três meses, se Kiev aceitasse uma
subida daquele valor a partir do segundo trimestre do novo ano.
Como as autoridades
de Kiev se recusaram a aceitar a fórmula que, a partir de Abril, faria igualmente
subir o preço de mil metros cúbicos de gás de 50 para 230 dólares, o Kremlin começou,
a reduzir a pressão no gasoduto.
Em Março próximo, os ucranianos vão às urnas
para eleger uma nova Rada Suprema (Parlamento) e a "guerra do gás" poderá ser um dos
trunfos fundamentais na campanha eleitoral. O Kremlin, com a subida em flecha dos
preços do gás, pode criar sérios problemas económicos a Kiev e comprometer as forças
políticas que apoiam o Presidente pró-ocidental Victor Iuschenko.
O Kremlin
poderá, contudo, sair derrotado tal como aconteceu há um ano, quando tentou impedir
a eleição de Iuschenko. A ingerência de Moscovo teve um efeito contrário ao esperado
por Putin.
Iuschenko poderá utilizar esta crise para mobilizar e unir em torno
de si todos os que o apoiaram na "Revolução Laranja". "A Ucrânia venceu a ditadura
e, agora, deve trabalhar para conseguir a independência económica", declarou o Presidente
na sua mensagem de Ano Novo.