BENTO XVI: A PAZ É CONSTRUÍDA DIA APÓS DIA, COM A AJUDA DE TODOS
Cidade do Vaticano, 1º jan (RV) - A paz é construída dia após dia, com a ajuda
de todos: foi essa a primeira mensagem de Bento XVI ao mundo, este ano. O Santo Padre
iniciou suas atividades em 2006, presidindo, na Basílica de São Pedro, à solenidade
de Maria Mãe de Deus e o 39º Dia Mundial da Paz.
No dia em que a Igreja recorda
a Mãe de Jesus, definida pelo evangelista Lucas como "uma mulher silenciosa sempre
à escuta da palavra eterna e desejosa de compreendê-la", Bento XVI pediu que o homem
siga o exemplo da Virgem Maria e se deixe guiar por Jesus Cristo, na construção da
paz.
A paz _ lembrou o Santo Padre _ é uma grande aspiração do coração de todo
homem e toda mulher. Para que ela seja edificada, porém, é necessário o esforço de
todos e, também, o ânimo renovado na verdade da paz, como definiu o Concílio Vaticano
II, na constituição apostólica "Gaudium et spes", de 1965.
A realidade do mundo
hoje, aliás, prosseguiu o Papa, é bastante semelhante aos momentos de tensão vividos
nos anos 60, quando o mundo esteve sob a ameaça de um conflito nuclear.
"Naquela
época, como nos nossos dias _ disse Bento XVI _ infelizmente, tensões de vários gêneros
surgiam no horizonte mundial. E, perante situações de injustiça e de violência que
continuam a oprimir diversas regiões da Terra, diante daquelas que se apresentam como
as novas e mais violentas ameaças contra a paz _falo de terrorismo, niilismo e do
fundamentalismo fanático _ torna-se necessário trabalharmos juntos para a paz."
Dessa
forma, continuou o Pontífice, é necessário um impulso de coragem e de confiança em
Deus e no homem, para que façamos a opção pelo caminho da paz. E essa iniciativa deve
partir de todos: cidadãos, povos, organizações internacionais e potências mundiais.
Bento
XVI fez um chamado especial às Nações Unidas: "A Organização das Nações Unidas, em
particular, deve, mais uma vez, tomar consciência de suas responsabilidades na promoção
dos valores da justiça, da solidariedade e da paz, num um mundo cada vez mais marcado
pelo fenômeno da globalização."
Aos cristãos, o Papa pediu que "anunciem e
testemunhem o Evangelho da Paz": "Se a paz é a aspiração de toda pessoa de boa vontade,
para os discípulos de Cristo ela é um mandato permanente que cabe a todos; é missão
exigente que os leva a anunciar e testemunhar "o Evangelho da paz", proclamando que
o reconhecimento da plena verdade de Deus é condição prévia e indispensável para a
consolidação da verdade da paz. Que essa sabedoria possa crescer sempre mais, para
que cada comunidade cristã se torne fermento de uma humanidade renovada no amor.
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Ao
término da celebração eucarística, o Papa rezou, juntamente com os milhares de fiéis
e peregrinos que lotavam a monumental Praça São Pedro, a oração mariana do Angelus.
O
diálogo, o perdão e a solidariedade são o único caminho para a verdadeira paz: foi
a exortação de Bento XVI aos presentes.
Na reflexão que precedeu a oração mariana,
o Pontífice disse que o tempo litúrgico que vivemos nos ensina uma grande lição: "Para
acolher o dom da paz, devemos nos abrir à verdade que se revelou na pessoa de Jesus,
que nos ensinou o conteúdo e o método da paz, isto é, o amor."
E Deus _ prosseguiu
o Papa _ é o amor perfeito, que continua a existir, que se revelou em Jesus colocado
na nossa condição humana. Desse modo, Deus também nos ensinou o caminho da paz, constituído
pelo diálogo, pelo perdão e pela solidariedade.
"Com confiança _ concluiu Bento
XVI _ invocamos a potente intercessão de Maria e de Jesus, para que a família humana,
abrindo-se à mensagem evangélica, possa transcorrer o ano que hoje se inicia, na fraternidade
e na paz. Com estes sentimentos, dirijo a todos vocês presentes aqui na Praça São
Pedro e àqueles que estão coligados por rádio e televisão, as minhas mais cordiais
felicitações de paz e de bem.
Após a recitação do Angelus, o Papa dirigiu-se
aos fiéis e peregrinos em sete línguas diferentes, entre elas o português, com uma
saudação e com a sua bênção apostólica. (RW)