Igreja portuguesa recorda os seus emigrantes: Mensagem de Natal e Ano Novo às Comunidades
Cristãs envolvidas na Pastoral das Migrações em Portugal e no Estrangeiro
1. Mais um Natal e um Novo Ano civil, datas importantes na vida social e cristã, mas
com um significado muito forte para os migrantes, para aqueles que deixaram o seu
torrão natal (...) e andam pelo mundo fora à procura de melhores condições de vida.
Nesta época do ano afloram ao nosso espírito as saudades da nossa terra de origem,
sobretudo dos familiares que vivem longe de nós.
Natal tem a ver com as nossas
raízes, as nossas origens relacionadas com Deus e com a família. No Natal Deus faz-se
um de nós - o Emanuel, Deus connosco - para que nos tornemos também Sua família. Embora
em grande parte do mundo se celebre o Natal, no entanto, o da nossa terra tem algo
de especial, porque tem a ver mais connosco, com os nossos familiares. Neste sentido
faço votos para que os “natais” reforcem os laços com Deus e com a nossa família.
Em qualquer parte do mundo onde nos encontremos, saibamos que Deus aí quer encontrar-Se
connosco e tornar-nos família unida e responsável pelo bem de todos.
2.
É o primeiro ano do meu mandato como presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade
Humana (CEMH) e estou a tomar conhecimento mais exacto da situação das Missões e Comunidades
Católicas junto dos nossos emigrantes, dos viajantes, dos ciganos, dos refugiados
e exilados, dos marítimos...
Actualmente somos também um país de imigração.
A Igreja em Portugal tem de continuar a prestar atenção aos imigrantes no meio de
nós. Nunca nos esqueçamos que também nós “vivemos em terra estrangeira” e não devemos
fazer aos outros aquilo que não gostamos que nos façam a nós…
3. Tenho
estado a receber muitas respostas ao inquérito lançado junto dos nossos missionários
– padres, religiosas e leigos - o que vai ser uma preciosa ajuda para a reestruturação
da acção da Igreja junto das Comunidades Portuguesas. O meu “muito obrigado” aos generosos
missionários e missionárias que estão a colaborar comigo. Logo que tenha uma visão
de conjunto, enviarei a todos as minhas considerações, em ordem a continuarmos o nosso
diálogo, para melhor organização dos nossos serviços, sobretudo, através da Obra Católica
Portuguesa das Migrações e seus delegados na Europa e no Mundo (...).
Depois
de analisadas as respostas ao inquérito em curso, iremos fazer uma revisão dos nossos
Estatutos e Regulamentos, para que sintonizem melhor com a “renovação” que está a
ser empreendida em toda a Igreja, depois do Concílio Vaticano II, do Direito Canónico
de 1983 e da recente Instrução do Conselho Pontifício da Pastoral para os Migrantes
e Itinerantes, de 2004.
4. Nos últimos tempos a Inglaterra tem sido
o país que mais portugueses tem acolhido e é preciso acompanhar mais este fluxo de
emigrantes. Em 2006 iremos tentar responder melhor às necessidades e desafios pastorais
desta zona da Europa, em colaboração com a as estruturas da Igreja no Reino Unido,
onde a Igreja Católica é minoritária.
5. Formulo votos, e rezo nesse
sentido, para que 2006 seja repleto das bênçãos de Deus para todos os que trabalham
na área das migrações e, em colaboração mútua, encontremos as melhores soluções para
o bem material e espiritual de todos. Que Deus abençoe os nossos planos e em todos
nós suscite a vontade de nos ajudarmos para o bem de todos aqueles e aquelas que deixaram
a sua terra à procura de melhores condições de vida.
Beja, 25 de Dezembro
de 2005
† António Vitalino, Bispo de Beja e Presidente da Comissão
Episcopal da Mobilidade Humana