BENTO XVI ENCONTRA-SE COM A CÚRIA ROMANA PARA OS VOTOS DE NATAL
Cidade do Vaticano, 22 dez (RV) - Realizou-se esta manhã, na Sala Clementina,
no Vaticano, o tradicional encontro do Papa com os membros da Cúria romana, para a
troca de felicitações natalinas. Após a saudação do Cardeal decano, Angelo Sodano,
Bento XVI se dirigiu a seus colaboradores, com um longo discurso partindo justamente
do mistério do Natal.
A seguir, recordou os principais eventos deste ano: a
morte de João Paulo II, o XX Dia Mundial da Juventude, de Colônia, o Ano da Eucaristia
e o Sínodo sobre o mistério eucarístico. Por fim, dedicou amplo espaço ao Concílio
Vaticano II no 40º aniversário de sua conclusão.
"Desperta, homem, porque,
por você, Deus se fez homem": com esse convite de Santo Agostino a acolher o autêntico
sentido do Natal de Cristo, Bento XVI abriu o seu encontro com os colaboradores da
Cúria Romana.
"Da humilde gruta de Belém o eterno Filho de Deus, que se tornou
um pequeno Menino, se dirige a cada um de nós: nos interpela, nos convida a renascer
nele porque, junto a ele, podemos viver eternamente na comunhão da Santíssima Trindade."
A
respeito de seu predecessor, Bento XVI sublinhou que "justamente a partir de sua experiência,
João Paulo II, refletiu sobre o problema do mal, do mal erigido como sistema, um mal
de "proporções gigantescas" como se viu no século passado. Mas eis que "o poder que
coloca um limite ao mal _ dizia Papa Wojtyla _ é a misericórdia da Deus". "O cordeiro
é mais forte que o dragão."
Bento XVI falou também da extraordinária experiência
do Dia Mundial da Juventude de Colônia: mais de um milhão de jovens, olhando para
além do cotidiano, se colocaram em busca da verdade, em adoração a Cristo.
"Antes
de toda atividade e de toda transformação do mundo, deve existir a adoração. Somente
ela nos torna verdadeiramente livres; somente ela nos dá os critérios para o nosso
agir. Justamente num mundo no qual progressivamente faltam os critérios de orientação
e existe a ameaça que cada um faça de si mesmo o próprio critério, é fundamental ressaltar
a adoração."
A propósito do Ano da Eucaristia e do recente Sínodo, o Papa ressaltou
que é comovente ver que em todos os lugares na Igreja, está despertando a alegria
da adoração eucarística. E justamente nesse ato pessoal de encontro com o Senhor,
amadurece depois, também a missão social contida na Eucaristia, e que quer romper
as barreiras não somente entre o Senhor e nós, mas também e, sobretudo, as barreiras
que nos separam uns dos outros.
Sobre o Concílio Vaticano II, o Santo Padre
disse que o Concílio, com a nova definição da relação entre fé da Igreja e certos
elementos essenciais do pensamento moderno, reviu ou também corrigiu algumas decisões
históricas, mas nessa aparente descontinuidade, ao invés, manteve e aprofundou a sua
íntima natureza e a sua verdadeira identidade.
Por fim, voltou seu pensamento
ao Natal que se aproxima: "O Natal está próximo. O Senhor Deus não se opôs às ameaças
da história com o poder exterior, como nós homens, segundo as perspectivas desse nosso
mundo, esperávamos. A sua arma é a bondade. Revelou-se como Menino, nascido numa estrebaria.
É justamente assim, que contrapõe seu poder, completamente diverso das potências destrutivas
da violência. Justamente assim Ele nos salva." (RL)