2005-12-21 12:04:50

O símbolo da luz e o valor das tradições natalícias evocados pelo Papa na audiência geral, na Praça de São Pedro.Bento XVI defendeu-se do frio, intenso em Roma, com o gorro dos Papas


Na iminência da celebração do Natal, foi num clima de júbilo e de intensa expectativa que decorreu a audiência-geral desta quarta-feira. Não obstante a rigorosa temperatura invernal, foi ao ar livre, na Praça de São Pedro, que teve lugar o costumado encontro semanal do Papa com os numerosíssimos peregrinos vindos a Roma.
Bento XVI exortou os fiéis a “predisporem o coração para saborear a alegria do nascimento do Redentor”, “reconhecendo-O no humilde Menino que jaz na mangedoura”.
De entre os variados símbolos que poderão ajudar a compreender melhor o mistério natalício, o Papa deteve-se especialmente no (símbolo) da luz, “um dos mais ricos de significado espiritual”. De facto, “no nosso hemisfério, a festa do Natal coincide com os dias do ano em que o sol conclui a sua parábola descendente e se prepara para começar a alongar gradualmente o tempo de luz diurna, segundo o suceder das estações”. Ora “isto ajuda-nos a compreender melhor o tema da luz que vence as trevas”.
“É simbolo evocador de uma realidade que toca o íntimo do homem: refiro-me à luz do bem que vence o mal, do amor que supera o ódio, da vida que derrota a morte. É a esta luz interior, este luz divina que o Natal nos faz pensar, propondo-nos uma vez mais o anúncio da vitória definitiva do amor de Deus sobre o pecado e sobre a morte”.
Advertindo que “uma certa cultura moderna e consumista tende a fazer desaparecer da celebração do Natal os símbolos cristãos”, o Papa exortou todos a empenharem-se em “captar o valor das tradições natalícias, que (sublinhou) fazem parte do património da nossa fé e da nossa cultura, para as transmitir às novas gerações”.
“Ao ver as ruas e praças das cidades ornamentadas com luzes fulgurantes, recordemos que estas luzes são para nós sinal de uma outra luz, invisível para os olhos mas não para o coração. Ao mesmo tempo que as admiramos, e acendemos velas nas nossas igrejas ou iluminamos, em casa, o presépio ou a árvore de Natal, que o nosso espírito se abra à verdadeira luz espiritual trazida a todos os homens de boa vontade”.
Bento XVI concluiu convidando a viver estes últimos dias que precedem o Natal, “juntamente com Maria, a Virgem do silêncio e da escuta: ela que foi totalmente envolvida pela luz do Espírito Santo nos ajude a compreender e a viver plenamente o mistério do Natal de Cristo”.
Quando Bento XVI chegou à audiência geral desta quarta-feira no jeep branco, os 15 mil peregrinos presentes aplaudiram entusiasmados ao vê-lo com o que parecia o gorro do Pai Natal.

Os sonoros aplausos divertiram o próprio Papa. A maioria dos presentes não sabia, contudo, que na realidade não se tratava de um gorro natalício, mas de um «camauro», uma prenda de veludo vermelho púrpura, que antigamente os Papas utilizavam para defender-se do frio.

O «camauro» remonta ao século XII. Com o passar do tempo, tinha sido esquecido até ter sido recuperado pelo Beato João XXIII, o Papa Bom.

Ontem, perante a surpresa de todos, Bento XVI voltou a resgatá-lo, ainda que o tenha tirado ao começar a audiência geral.









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