Igreja condena construção de muro na fronteira EUA-México
O projecto dos EUA para a construção de um muro de alta tecnologia, equipado com câmaras
e iluminação, na fronteira com o México, suscitou fortes críticas por parte da Igreja
Católica.
O Cardeal Norberto Rivera Carrera, Primaz da Igreja mexicana, sublinhou
que “os Estados Unidos devem, antes de mais, construir pontes e, se proclamam a globalização,
devem ser coerentes”.
O presidente do México já reagiu a esta proposta dos
Estados Unidos, classificando-a como "uma vergonha".
Os norte-americanos alegam
que a barreira servirá para conter a imigração ilegal. Só em 2005, um milhão e 200
mil pessoas foram presas ao cruzar a fronteira, na maioria cidadãos mexicanos e da
América Central.
Calcula-se que existam pelo menos 11 milhões de imigrantes
ilegais nos Estados Unidos, quase sempre em trabalhos mal pagos e recusados pelos
americanos.
O projecto de lei recente aprovado pelo Congresso norte-americano
prevê a construção de uma barreira de segurança ao longo da fronteira EUA-México,
transformando em crime a entrada ilegal no território norte-americano. Milhões de
pessoas passam por essa fronteira todos os anos, sendo que centenas morrem ao longo
dos percursos mais difíceis, nas águas do Rio Bravo ou no deserto do Arizona.
Os
Bispos católicos do Arizona publicaram, a esse respeito, uma carta pastoral intitulada
“Vós me acolhestes”, na qual denunciam os episódios de violência e hostilidade de
que são vítimas os imigrantes mexicanos e latino-americanos, especialmente os ilegais.
“Nós,
Bispos católicos do Arizona, sentimo-nos profundamente entristecidos pela morte e
o sofrimento que vemos na nossa fronteira. Estamos conscientes de que as nossas comunidades
estão a dividir-se cada vez mais, como resultado da imigração no nosso Estado”, lamentam.
No
ano de 2005, foram registadas pelo menos 261 mortes de pessoas ao cruzar a fronteira
no Arizona, enquanto que se registaram 460 mortes no total. Os bispos recordam também
que cerca de dez milhões de imigrantes clandestinos vivem actualmente nos EUA.