Os politicos não reneguem a sua identidade cristã: este o pedido de Bento XVI no discurso
a um grupo de Bispos da Polónia na conclusão da sua visita "ad limina apostolorum".
Bento XVI convidou hoje os políticos cristãos a “tomar consciência da sua identidade
cristã” e a comprometerem-se a transferir a mesma “para o ordenamento civil, com base
numa recta consciência, de modo a edificar uma convivência que respeite o homem em
todas as suas dimensões”.
Nesse sentido, o Papa defendeu ser necessária uma
“clara distinção entre as acções que os fiéis cumprem, individualmente ou em grupo,
no seu próprio nome, como cidadãos, guiados pela consciência cristã, e as acções que
eles cumprem em nome da Igreja, em comunhão com os seus pastores”.
“Os políticos
cristãos não podem permanecer privados de ajuda por parte da Igreja”, frisou.
O
Papa, que falava a um grupo de Bispos da Polónia, no final da sua visita ad limina
apostolorum reflectia sobre o papel dos leigos na Igreja e no mundo, dando uma atenção
especial à vida política. Nesta, defendeu, é essencial que exista “integridade e sabedoria,
contra a injustiça e a opressão, o domínio arbitrário e a intolerância de um só homem
ou de um único partido político”.
Lembrando a herança de João Paulo II, o actual
Papa pediu aos políticos que sejam capazes de agir ao serviço do bem comum, evitando
utilizar a sua posição “para o próprio interesse” ou para obter “vantagens materiais”.
Numa
longa intervenção, Bento XVI sublinhou por várias vezes a importância do papel dos
leigos na vida da Igreja, nas paróquias, nos movimentos e associações ou no voluntariado.
Assim, desafiou os Bispos a fazer com que a paróquia “não se reduza a uma massa de
fiéis anónimos”, mas que a mesma tenha a participação activa dos leigos para a “formação
da comunidade”.
No discurso aos Bispos polacos, o Papa falou também dos movimentos
nascidos após o Concilio e das dificuldades que muitas vezes se criam nas relações
entre estes e as igrejas locais. ”Os movimentos não podem agir em paralelo à comunidade
universal da Igreja: faz parte da tarefa do Bispo diocesano manter um contacto vivo
com eles, encorajando-os a operar conforme o carisma reconhecido pela Igreja e, ao
mesmo tempo, estar atentos para não se fecharem à realidade que os circunda", disse.
Bento
XVI louvou estes movimentos pelo seu empenho ecuménico, mas salientou a necessidade
de os Bispos interpretarem correctamente o ecumenismo como "procura da verdade e não
dos compromissos fáceis". O Santo Padre louvou também as varias formas de voluntariado
que têm como objectivo ajudar as pessoas necessitadas.