Organizações religiosas e civis pedem protecção dos direitos dos imigrantes que se
encontram em Portugal
As migrações são hoje um fenómeno de dimensão global, com implicações cada vez mais
importantes nos domínios político, económico, social, cultural e religioso. Factores
como a distribuição desigual da riqueza, guerra, desemprego, fome e degradação ambiental
forçam todos os dias milhares de pessoas a abandonar o seu país de origem em busca
de um futuro melhor para si e as suas famílias. Este fenómeno não é novo mas tem crescido
drasticamente: existem hoje 192 milhões de migrantes legais em todo o mundo, dos quais
5 milhões são portugueses. O número de migrantes em situação irregular é difícil de
estimar com precisão.
Todos estes indivíduos são considerados migrantes: os
que são forçados a deixar o seu país e os que o fazem voluntariamente; os que buscam
uma vida melhor e os que apenas procuram uma vida diferente; os que dispõem de autorizações
de residência e os que vivem na clandestinidade.
Defendemos a migração legal,
desde logo, pelo que equivale enquanto protecção do migrante, em todo o processo,
desde o país de origem até ao país de acolhimento e eventual regresso. Os migrantes
que arriscam em processos falaciosos de migração irregular correm sérios riscos de
engano, exploração, sofrimento e até, algumas vezes, perigo de vida. Estão fora da
protecção legal que lhes seria devida enquanto imigrantes regulares e são alvo fácil
das redes que abundam neste circuito que representa um dos negócios ilegais mais lucrativos
e de baixo risco.
Em qualquer circunstância, a dignidade da pessoa humana
mantém-se intocável e deve ser protegida contra todas as adversidades, o que exige
o reconhecimento de um núcleo de direitos essenciais devidos a qualquer Pessoa, independentemente
da sua situação documental.
Uma tendência recente que coloca novos desafios
é a feminização dos movimentos migratórios. Embora a migração tenha um efeito positivo
de criar oportunidades de subsistência e emancipação das mulheres, deixa-as também
particularmente vulneráveis a abusos e exploração para fins laborais ou sexuais.
Em
18 de Dezembro de 1990 a Assembleia Geral das Nações Unidas adoptou a Convenção Internacional
para a Protecção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e as Suas Famílias.
Em 2000 este dia foi proclamado o Dia Internacional dos Migrantes e desde então tem
constituído uma oportunidade para sensibilizar a comunidade internacional para a necessidade
de proteger os direitos dos imigrantes e emigrantes em todo o mundo.
Os desafios
colocados pelas migrações exigem respostas orgânicas e transversais baseadas na promoção
e protecção dos direitos humanos. Tal só será possível através da acção conjunta dos
governos, organizações internacionais e organizações de apoio da sociedade civil,
incluindo as associações das comunidades migrantes.
O Alto Comissariado para
a Imigração e Minorias Étnicas (ACIME), a Amnistia Internacional (AI), a Caritas Portuguesa
(CP), a Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM), a Organização Internacional
para as Migrações (OIM) e a Organização Internacional para o Trabalho (OIT) aproveitam
esta oportunidade para reiterar o seu empenho na promoção do cumprimento dos deveres
e protecção dos direitos dos imigrantes que se encontram em Portugal e dos emigrantes
portugueses na União Europeia e em outros países.