2005-12-14 16:47:04

Conferência episcopal portuguesa abordou a retirada de crucifixos das escolas, minimizando a decisão do governo


Sobre a possível retirada dos crucifixos das escolas públicas por ordem do Governo, a Conferência Episcopal Portuguesa minimiza, dizendo que é mais uma questão de cultura do que de religião. A conferência defende que ter ou não ter o símbolo deve caber à instituição.

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) minimizou a importância da retirada dos crucifixos das escolas públicas, considerando-os mais sinais culturais do que símbolos religiosos. No final de uma reunião do Conselho Permanente, o porta-voz da CEP, D. Carlos Azevedo, admitiu mesmo a presença de símbolos de outras religiões nas escolas, no quadro de um Estado laico que deve permanecer “neutro” perante as várias crenças. Naquela que foi a primeira tomada de posição da CEP sobre a polémica, o seu porta-voz declarou ontem: “A Igreja Católica não pode exigir que eles [os crucifixos] se mantenham nas escolas”, pelo que se trata de uma “questão de bom senso e de respeito pela tradição cultural portuguesa”.

Nesse sentido, a CEP defende a autonomia das comunidades educativas na decisão de retirar ou não os crucifixos, já que qualquer decisão política não deve ir “contra o sentimento das populações”. “Se uma escola tem várias sensibilidades religiosas pode haver até a convivência de símbolos religiosos. Porque não a coexistência de vários símbolos religiosos numa escola, numa educação para o ecumenismo?”, questionou o prelado. O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa recordou ainda que “não foi a Igreja que pediu que os crucifixos estivessem nas escolas, foi em determinado momento da sociedade portuguesa que lá foram postos”. Trata-se, alertou o responsável, de uma “questão de respeito para com um sinal que para os cristãos é fundamental”, mas que também faz parte da cultura portuguesa.

Vidas crucificadas

Para os cristãos, mais importante que os crucifixos nas paredes das escolas públicas “são as vidas crucificadas de tanta gente que dá o corpo para que as pessoas pobres tenham outra vida”. Os crucifixos fazem parte de outros sinais que “transportam a expressão cultural da importância de um símbolo da cultura portuguesa e da vida de tanta gente em Portugal”, considerou. Na sua opinião, o que importa é que “haja debate sem nenhum exagero ou polémicas de questões religiosas que estão fora de tempo” e que a Igreja “não quer levantar”. Para a Igreja, esta não é uma questão religiosa, mas uma matéria de “sensibilidade e de bom senso e de respeito cultural”, explicou D. Carlos Azevedo, que desafiou os governantes a assumirem as suas posições pessoais perante a Igreja e a religião.








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