Bispos Católicos do Uganda reiteram a preocupação com a proliferação dos grupos armados
Os Bispos católicos do Uganda pedem ao governo que crie uma Comissão “Verdade e reconciliação”
para resolver os sangrentos conflitos que afligem o país há muito tempo. “Sugerimos
a instituição de um instrumento para a reconciliação (possivelmente uma conferência
nacional) para discutir e analisar os conflitos no país e encontrar um acordo para
resolvê-los”, afirmam os prelados na Carta Pastoral “Rumo a um Uganda democrático
e pacífico, baseado no bem comum”.
A Comissão “deve contar com a mais ampla
participação possível, e ser caracterizada pela abertura e pela sinceridade por parte
de cada ugandense, especialmente daqueles que contribuíram para a sangrenta situação
pela qual passou e passa o país”, afirma o documento.
Os Bispos falam ainda
da situação política, expressando satisfação pelos progressos feitos pela democracia
multipartidária, com o registo de 33 partidos políticos que concorrerão às eleições
de Março de 2006. Ao mesmo tempo, porém, a Conferência Episcopal ugandense nota com
preocupação que a maioria das forças políticas está empenhada em estéreis lutas internas,
ao invés de se concentrar em desenvolver sérias propostas políticas para enfrentar
os problemas da nação.
“Observamos com grande preocupação a tendência militarista
desenvolvida durante o processo de transição, com alguns partidos que estão a formar
ou projectando criar brigadas juvenis para promover os seus programas através do uso
da violência”, escrevem os Bispos.
“Como Igreja, os agentes de pastoral, os
sacerdotes, os religiosos, os catequistas e as Comissões ‘Justiça e Paz’ de todo o
país devem educar a população à transição política através de uma cuidadosa informação.
Nesta sua tarefa, devem ser governados por uma profunda imparcialidade para manter
a confiança de todas as partes que competem pelo poder político”, concluem.