SEGUNDO DIA DO JULGAMENTO DOS ACUSADOS DE MATAR IR. DOROTHY
Belém, 10 dez (RV) - O julgamento dos acusados de executar a missionária Dorothy
Stang foi retomado às 10 horas da manhã de hoje, entrando no segundo e último dia,
justamente quando se comemora o Dia Mundial dos Direitos Humanos. A religiosa norte-americana
naturalizada brasileira foi assassinada a tiros no município de Anapu, no Pará. Dos
cinco acusados de envolvimento no crime, estão em julgamento Rayfran das Neves Sales
e Clodoaldo Carlos Batista, que confessaram o assassinato.
O julgamento está
sendo acompanhado por movimentos sociais, pela representante especial do Secretário-geral
da ONU para os Direitos Humanos, a paquistanesa Hina Jilani, além do ministro interino
da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Mario Mamede.
Para não prolongar
o julgamento, a promotoria decidiu não usar os autos e utilizou recursos audiovisuais,
como as gravações feitas pela polícia, que mostram a reconstituição do crime, e as
entrevistas feitas com os acusados logo após o assassinato.
No dia de ontem
a promotoria pediu a punição máxima para os acusados, que é de 30 anos, por homicídio
duplamente qualificado _ crime de encomenda e sem chance de defesa. Já os advogados
de defesa apelam para o crime comum, cuja pena máxima é de sete a dez anos de prisão.
Na lista dos marcados para morrer no Pará, um dos lutadores pela reforma agrária
no Brasil, Frei Henri Des Rosiers, advogado e coordenador da Comissão Pastoral da
Terra, acredita que os acusados deixarão o Tribunal do Júri condenados pela morte
da missionária. Sempre acompanhado de um policial militar do Estado que lhe dá segurança,
ele esteve na abertura dos trabalhos e declarou: "Não é admissível que por uma causa
justa, que é a reforma agrária, muitos de nós morramos sem que se faça justiça. A
impunidade deve ter um ponto final, e esse julgamento ajudará nesse sentido".
O
Greenpeace e outras 23 organizações da sociedade civil entregaram, no primeiro dia
do julgamento, uma carta endereçada à Comissão de Direitos Humanos da ONU pedindo
providências em relação à sistemática violação dos direitos humanos no estado do Pará.
(JK)