PAPA: "O HOMEM QUE SE ENTREGA A DEUS NÃO É UM FANTOCHE, ELE NÃO PERDE SUA LIBERDADE"
Cidade do Vaticano, 08 dez (RV) - O aniversário de encerramento do Concílio
Vaticano II foi lembrado pelo Papa na manhã desta quinta-feira, durante a missa solene
na Basílica de São Pedro, para comemorar a festividade de 8 de dezembro.
Os
dois eventos estão ligados de modo indissolúvel. Foi em nome de Maria que João XXIII
abriu o encontro conciliar em 11 de outubro de 1962, e foi em nome da Virgem Imaculada
que Paulo VI o encerrou, em 8 de dezembro de 1965.
Na homilia da celebração
eucarística, Bento XVI criticou o homem atual por "não confiar em Deus" e procurar,
em lugar do amor, o poder. O Papa identificou o verdadeiro perigo que a Igreja está
correndo: o desaparecimento de Deus do horizonte do homem contemporâneo.
Em
seguida, o Pontífice explicou o sentido do desafio ao qual ele quer responder em seu
magistério: a sobrevivência da fé no auge de uma época que _ a partir do Ocidente
_ tende à descristianização.
O Papa acrescentou que devemos aprender, no Dia
da Imaculada, que o homem que se abandona totalmente às mãos de Deus não se transforma
num fantoche, ou numa pessoa chata ou subserviente: enfim, o homem não perde a sua
liberdade.
No Dia da Imaculada Conceição, Bento XVI recordou Maria como símbolo
da fé, e conseqüentemente, da própria catolicidade: "Sim, podemos dizer que Maria
nos é próxima como nenhum outro ser humano, porque Cristo é homem para os homens,
e todo o seu ser é um "ser para nós". Maria é tão interligada com o grande mistério
da Igreja, que ela e a Igreja são inseparáveis, como são inseparáveis Ela e Cristo.
Maria reflete a Igreja, a antecipa em sua pessoa. Em todas as turbulências que afligem
a Igreja, sofredora e fatigada, Ela permanece sempre a estrela da salvação".
Com
essas palavras, o Papa ofereceu uma imagem realista e humana da Igreja, instituição
que sofre e trabalha, e que não é ligada a uma perfeição inalcançável: uma Igreja
que se confronta e analisa dramas e problemas, inclusive dentro de si mesma. "Que
Maria vele também pela Igreja" _ disse o Papa.
Logo após a cerimônia na Basílica
de São Pedro, o Papa dirigiu-se ao balcão de seus aposentos, no Palácio Apostólico,
para rezar, junto com os fiéis, a oração do Angelus. Diante de milhares de fiéis que
o aguardavam, Bento XVI definiu o Concílio Vaticano II "o maior evento eclesial do
século XX".
"Hoje, meu pensamento retorna a 8 de dezembro de 1965, quando
o Servo de Deus, Paulo VI, encerrou solenemente o Concílio Vaticano II, que o bem-aventurado
João XXIII havia inaugurado três anos antes."
Bento XVI não perdeu a ocasião
para recordar os Papas que o precederam, desde aquela época: "De modo especial, Maria
velou com solicitude materna pelo pontificado dos meus venerados antecessores, cada
um dos quais, com grande sabedoria pastoral, conduziu a barca de Pedro no rumo da
autêntica renovação conciliar, trabalhando incessantemente pela fiel interpretação
e atuação do Concílio Vaticano II".
Entre as saudações finais, após a oração
do Angelus, o Pontífice declarou-se feliz em abençoar a chama olímpica dos Jogos Invernais
de Turim-2006, acesa horas antes, pelo Presidente da República italiana, Carlo Azeglio
Ciampi: "Que esta chama possa recordar a todos os valores de paz e fraternidade que
estão na base das Olimpíadas". (CM)