OS LEIGOS CRISTÃOS DEVEM TESTEMUNHAR PUBLICAMENTE OS VALORES CRISTÃOS: AUDIÊNCIA DO
PAPA AOS BISPOS POLONESES
Cidade do Vaticano, 03 dez (RV) - A Igreja Católica não se identifica com nenhum
partido, mas são os cristãos que devem defender corajosamente os valores cristãos
no mundo da política e no mundo da mídia. Bento XVI concluiu desse modo o discurso
aos cerca de 40 bispos poloneses em visita "ad Limina", recebidos esta manhã no Vaticano.
Foi
afetuosa e comovente a saudação dirigida ao Papa pelo Arcebispo de Cracóvia, Dom Stanislaw
Dziwisz, que recordou o papel de relevo desempenhado pelo então Cardeal Ratzinger
ao lado de JPII. "Queremos dizer-lhe obrigado pela sua discreta, competente e fiel
colaboração" em todo o desenvolver-se do pontificado do Papa Wojtyla. Um obrigado
pela "delicadeza" com a qual acompanhou seus últimos dias, pelo modo como continua
a recordar seus ensinamentos e por ter abreviado o tempo para o início do processo
de beatificação.
Na audiência concedida ao segundo grupo de prelados poloneses,
o Papa enfrentou o cerne de seu discurso, a urgência da nova evangelização para a
Igreja na Polônia, citando aquilo que JPII disse em 1979, durante a sua primeira viagem
à Pátria: "Evangelizar novamente o segundo milênio _ mas isso vale também para o atual
_ é uma tarefa comum de clero, religiosos e leigos, que devem recorrer ao Concílio
Vaticano II".
O exemplo do Bispo, observou o Papa, é extremamente importante:
não se trata somente de um estilo de vida inacessível, mas também da cuidadosa solicitude
a fim de que as virtudes cristãs, das quais escreveu JPII, penetrem profundamente
na alma dos sacerdotes em sua diocese: "Por isso, o Bispo deveria dar atenção particular
à qualidade da formação no seminário. É preciso considerar não somente a preparação
intelectual dos futuros sacerdotes, mas também a sua formação espiritual e emotiva
(…) Recentemente foi publicado o documento da Congregação para a Educação Católica
em relação à admissão dos candidatos às Ordens sacras. Peço a vocês, caros Irmãos,
que coloquem em prática o que nele está escrito".
Por fim, o Papa falou dos
leigos. O seu testemunho, disse, se torna particularmente eloqüente e eficaz num momento
no qual "a cultura européia dá a impressão de uma 'apostasia silenciosa' por parte
do homem saciado, que vive como se Deus não existisse". Pelo contrário, cabe ao leigo
agir pela "renovação da sociedade", naqueles contextos civis exclusos ao sacerdote:
"A Igreja não se identifica com nenhum partido, com nenhuma comunidade política nem
com um sistema político, ao invés, recorda que os leigos comprometidos na vida política
devem dar um corajoso e legível testemunho dos valores cristãos, que devem ser afirmados
e defendidos caso sejam ameaçados. E deverão fazê-lo publicamente, quer nos debates
de caráter político, quer nos meios de comunicação social". (RL)