Milésima execução nos Estados Unidos: L'Osservatore Romana pede compromisso com a
vida
A execução número mil nos Estados Unidos desde o restabelecimento da pena de morte
em 1976 deve levar a intensificar o compromisso a favor da vida nesse país e em todo
o mundo, considera o jornal da Santa Sé.
«L’Osservatore Romano» refere na
sua capa da edição de 3 de dezembro em italiano, sobre a execução com injeção letal
de Kenneth Boyd, de 57 anos, na prisão central de Raleigh, capital do Estado de Carolina
do Norte.
Veterano da guerra do Vietname, foi condenado à morte pelo assassinato
da esposa e sogro diante de dois dos seus filhos em 1988.
A pena capital
é adotada, neste momento, em 38 dos 50 Estados da União Americana.
«As macabras
estatísticas da pena de morte nos Estados Unidos contam a partir de hoje 832 injeções
letais, 152 execuções na cadeira elétrica, 11 na câmara de gás; três na forca e duas
mortes por fuzilamento», recorda o diário vaticano.
«Trata-se de dados que
com a sua crueza mostram tudo o que fica por fazer, inclusive nos sumamente civis
e democráticos Estados Unidos, para afirmar o valor da vida humana e da sua inalienável
dignidade», acrescenta.
«Mas trata-se de dados que, na realidade, revelam
só a ponta de um iceberg. Basta pensar que, tão só no ano 2004, aplicaram-se pelo
menos 3.979 condenações à morte em 25 países e se sentenciaram outras 7.395».
«Estes
são números oficiais . Segundo os padrões da ONU, os dados relativos à pena de morte
têm de ser públicos. Assim sucede nos Estados Unidos, mas não sucede noutros lugares»,
explica L’Osservatore Romano.
Em muitos países, lamenta ainda este diário,
«os números sobre a pena de morte são mantidos em segredo: os condenados simplesmente
“desaparecem”, em certas ocasiões sem que nem sequer se tenha celebrado algo parecido
a um processo».