Decorre em Lisboa a IV sessão do Parlamento Cultural Europeu: sublinhada a necessidade
de preservar a polifonia das diferentes culturas. A Europa será fruto da vontade,
da lucidez e da cultura.
O Presidente da República, Jorge Sampaio, defendeu em Lisboa que só uma ideia cultural
e política da Europa pode formar um projecto de longo alcance .Jorge Sampaio falava
na sessão de abertura da reunião do Parlamento Cultural Europeu subordinado ao tema
"Como pode a cultura europeia promover a coesão europeia?" e que decorre até este
domingo 4 de Dezembro na Fundação Calouste Gulbenkian. Neste momento, adiantou, a
União Europeia está confrontada com transformações e incertezas tais que tornam o
seu futuro uma verdadeira incógnita. Na opinião do presidente da República, a Europa
terá de ser fruto da vontade, da lucidez e da cultura e não de uma mão invisível,
de um fatalismo ou de um automatismo. Jorge Sampaio destacou a importância da reunião
do Parlamento Cultural Europeu, tendo em conta a necessidade de se debater as inúmeras
e frequentes questões levantadas em torno da Europa da cultura. Na sua intervenção,
o Presidente da República destacou três questões: a crítica de que o projecto europeu,
ao apostar na integração económica, se desenvolveu na negação e contra a Europa da
Cultura, a ideia de que a União Europeia tende a reduzir o mundo a um vasto mercado,
prejudicando a preservação e a projecção do seu património cultural, e o receio de
que a integração dilua as identidades nacionais. Jorge Sampaio sublinhou a necessidade
de preservar a polifonia das diferentes culturas europeias e de evitar que os bens
culturais sejam tratados como comuns bens de mercado. O ensaista Eduardo Lourenço
analizou a evolução da cultura europeia nas suas várias formas e com as suas bases
comuns, observando que se a Europa perdeu a sua soberba,pelo menos procuremos manter
a nossa luxidez. O presidente do parlamento cultural europeu o finlandês Par Stenback
falou da necessidade de integrar as culturas europeias tão diferentes não para as
uniformar para para as aproximar. O Parlamento Cultural Europeu, fundado em 2001
em Estrasburgo e que conta, actualmente, com cerca de 120 elementos oriundos de cerca
de 40 países apresenta nos três dias do encontro, relatórios com o ponto de situação
de vários projectos que tem em curso, nomeadamente na área da música e saúde. O
primeiro encontro do Parlamento Cultural Europeu teve por tema "Como podem os artistas
europeus e outras personalidades da cultura contribuir para um melhor entendimento
entre culturas, religiões e regiões?", enquanto o segundo abordou "A Cultura como
instrumento para a prevenção de conflitos" e "Criatividade, Meios Criativos e Transformações
Cívicas na Europa" e o terceiro dedicou-se ao tema "Cultura além do Entretimento".