A União Europeia (UE) vai procurar renovar a cooperação com os países árabes, na cimeira
que hoje começa em Barcelona, com o ambiente marcado pela luta antiterrorista e pela
imigração ilegal.
Esta cimeira, com os 25 membros da UE e 10 países do sul da bacia mediterrânica, numa
faixa que se estende do Marrocos até Israel, comemora o 10.º aniversário do Processo
de Barcelona, empenhado em que toda a bacia do Mediterrâneo se transforme numa área
de paz e comércio livre.
Quando este processo foi lançado, também em Barcelona, o ambiente na UE era dominado
por fortes esperanças em progressos significativos quanto aos esforços para resolver
o conflito do Médio Oriente, ao mesmo tempo que se preparava a chegada de novos Estados
membros da UE. Contudo, os últimos dez anos assinalaram o recrudescimento de tensões
no mundo árabe, tendo os ataques de 11 de Setembro de 2001 servido para colocar ainda
mais no centro das atenções a necessidade de relançar as relações com o mundo árabe.
À segurança, acentuada por um sistema de protecção a esta cimeira com seis mil efectivos,
juntam-se os da imigração ilegal. A pressão da imigração para a Europa, centrada nos
enclaves de Ceuta e Melilla continua presente. A UE tem procurado resolver esta situação
mas ainda não conseguiu surgir com uma abordagem credível, enquanto procura persuadir
os parceiros do Sul do Mediterrâneo a mostrarem maior empenhamento no tema. Ao mesmo
tempo, os incidentes em França deixaram patentes as dificuldades de integração de
algumas comunidades estrangeiras, de segunda e terceira geração, algumas provenientes
do mundo árabe.
Na perspectiva europeia, a melhor forma de promover o equilíbrio e a estabilidade
na bacia mediterrânica passa pela promoção do desenvolvimento económico e encorajamento
de reformas democráticas
Para facilitar a concretização deste conjunto de planos, a UE deverá insistir no projecto
de criação de uma Área Euromediterrânica de Comércio Livre até ao fim da década. No
lado árabe, sente-se interesse em corresponder a estes objectivos, mas será de esperar
que se sintam pressões para que a Europa faça acompanhar as suas aspirações de actos
concretos.