POLÍCIA OBRIGADA A INTERVIR NO MONTE ATOS PARA RESTABELECER A ORDEM
Atenas, 26 nov (RV) - A polícia grega foi obrigada a intervir nesta sexta-feira,
no Mosteiro de Esphigmenou, no Monte Atos _ uma república teocrática protegida pelo
governo grego _ para acalmar um violento conflito entre alguns monges greco-ortodoxos
"legalistas" e um número reduzido de outros monges ultra-ortodoxos declarados "cismáticos",
que ocupam abusivamente o edifício há muito tempo, embora tenham sido reiteradamente
"despejados" pelo Patriarcado de Istambul, a máxima autoridade da Igreja Greco-ortodoxa.
Os
conflitos, pelo que refere a agência grega de notícias _ ANA _ começaram quando quatro
monges "legalistas", chegados ao mosteiro para realizar serviços de manutenção, foram
recebidos pelos "cismáticos" com carvão e cinzas, jogados das janelas do andar superior.
Após esse incidente, os religiosos passaram às vias de fato e, na confusão que se
seguiu, antes que chegasse a polícia para separar os monges, um deles se sentiu mal
e desmaiou.
A intervenção da polícia restabeleceu a ordem no mosteiro, mas
não conseguiu arrefecer o clima de tensão. O local já foi palco, no passado, de vários
episódios de violência. Dois anos atrás, no mês de janeiro, aproximadamente cem monges
"cismáticos", guiados por Methodius, entrincheiraram-se no interior do mosteiro, desafiando
a ordem de despejo.
Há mais de dez anos, os "cismáticos" se insurgem contra
o Patriarcado Ecumênico, que restabeleceu contatos amigáveis com o Vaticano.
Há
quase trinta anos o Patriarcado está em conflito com o Mosteiro de Esphigmenou, cujos
monges, várias vezes, agrediram o Patriarca.
A aversão dos monges de Esphigmenou
teve origem há mais de quarenta anos, quando o Patriarca Atenágoras encontrou-se com
Paulo VI, em 1964, em Istambul, um gesto que foi interpretado pelos monges como "traição".
Quando
Bartolomeu _ o atual Patriarca _ tomou posse da Igreja Greco-ortodoxa, em 1991, o
diálogo com os católicos recebeu novo impulso, com numerosos encontros entre o novo
Patriarca e João Paulo II, que realizou também uma histórica visita à Grécia em 2001.
É muito provável que a recente visita de Bartolomeu a Bento XVI, no Vaticano,
tenha contribuído para acirrar os ânimos dos "cismáticos". (MZ).